Perto de completar 91 anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considera ter um relacionamento “complexo” com o ex-presidente Lula, mas sem paralelo com o ódio visto na política nos últimos tempos. A análise é feita pelo tucano no documentário “O presidente improvável”, dirigido por Belisario Franca e que estreia nos cinemas na próxima quinta-feira (31).
A notícia é do Metropoles, na coluna de Guilherme Amado. Em 1989, Lula era um dos candidatos da primeira eleição presidencial direta após a ditadura militar. FHC era senador e seu partido, o PSDB, havia lançado o também senador Mario Covas. No segundo turno entre Lula e Fernando Collor, FHC e Covas foram a um comício do petista com uma preocupação em particular.
“Eu e o Covas fomos a um comício do Lula. Sabe qual era nossa principal preocupação? A vaia. Porque naqueles tempos, eles [petistas] vaiavam todo mundo que não fosse do PT. Não fomos muito vaiados, fomos um pouco (risos)”, afirmou Fernando Henrique, acrescentando:
“Não tínhamos nenhuma expectativa de governar juntos, porque era impossível. O PT tinha uma visão muito deles. É impossível negociar. E assim foi feito. Foi dado o apoio. Eu votei no Lula nessa ocasião”.
Cerca de uma década depois, no fim dos anos 1990, o então presidente FHC recebeu Lula e o então governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, no Palácio da Alvorada. Cristovam, amigo em comum de ambos, se surpreendeu.
“Começamos a tomar whisky e o Cristovam disse: ‘Vocês parecem dois velhos amigos”, ao que FHC respondeu: “Ué, mas nós sempre fomos”. Mais tarde naquela noite, Fernando Henrique falou a Lula: “Vou te mostrar o palácio, porque um dia você vai morar aqui”. Reservadamente, o tucano pensava o oposto: “Eu não acreditava que ele fosse”.
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