Esquema sofisticado e vida de luxo: adolescente desvia milhões de vítimas das enchentes do RS

27 de Maio 2024 - 16h08

Milhões de reais, que deveriam ter sido destinados às vítimas das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul, foram utilizados para bancar a vida de luxo de um adolescente, de 16 anos, em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina.

Segundo a investigação, o menor, que já é emancipado, era um dos responsáveis por uma página falsa, que imitava o site do Governo gaúcho e direcionava valores de doações para contas empresariais, vinculadas ao esquema criminoso.

O adolescente vivia em uma cobertura de luxo no litoral catarinense, junto de outro menor e um adulto. O local, alvo de três mandados de busca e apreensão, na sexta-feira (24), funcionava como um “quartel general do crime”, onde os três realizavam golpes diuturnamente.

Além do estelionato realizado através de campanhas falsas para arrecadação de donativos, o grupo também criava páginas similares a de marcas reconhecidas para vender produtos, novamente, utilizando a tragédia para comover os usuários.

Os suspeitos ainda faziam o impulsionamento das postagens nas redes sociais para que o conteúdo falso atingisse um público ainda maior.

A Polícia Civil já determinou bloqueio de contas bancárias vinculadas ao adolescente e aguarda quebra de sigilo para saber o valor total arrecadado com os estelionatos.

O adolescente é emancipado apenas para fins civis, por isso responderá pelos crimes em liberdade – a apreensão de menores só é permitida em crimes com emprego de violência ou grave ameaça.

O menor auxiliou nas investigações e está cooperando com a polícia. As investigações continuam para identificar e responsabilizar os demais envolvidos no esquema.

O investigado criou um site falso, similar ao do governo do Rio Grande do Sul, com informações sobre a tragédia e um banner, de uma arrecadação no site Vakinha, que já teria ultrapassado os R$ 2,7 milhões para ajudar as vítimas da tragédia.

Ao clicar para realizar uma doação, a plataforma gerava um QR Code através de uma fintech de checkout, que permitiria o pagamento via pix. Quando legalizado, este tipo de sistema é monitorado pelo Banco Central.

O montante arrecadado era processado por um gateway de pagamentos, que repassava os valores para o endereço de destino escolhido pelos criminosos – no esquema, a conta vinculada era de uma empresa de treinamentos e serviços, cujo menor era sócio proprietário.

Nas redes sociais, o adolescente apreendido se apresentava como “Dr. Money” e declarava ter atingido seu primeiro milhão aos 15 anos de idade. Além disso, ele é apontado como sócio-proprietário de duas empresas, que podem estar envolvidas em outros esquemas criminosos.

O suspeito também utilizava as mídias para ostentar elevado padrão de vida, publicando fotos e vídeos em imóveis de luxo – um deles alvo da operação – e publicar comprovantes de recebimento de altos valores a partir de pagamentos na internet.

Mais de sessenta casos de estelionato virtual são investigados pela Força Tarefa Cyber, montada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul para apurar possíveis fraudes associadas ao período de calamidade.

R7

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