Ex- babá e empregada doméstica, potiguar vai disputar Paralimpíada em Paris
Na infância humilde, em Santo Antônio do Salto da Onça, o esporte era uma possibilidade distante para Maria Rizonaide. Ainda mais porque ela tem nanismo, e as oportunidades eram ainda mais raras para pessoas com deficiência. Foi só em 2011, já perto dos 30 anos, que conheceu a Sadef e finalmente teve a chance de praticar um esporte. Escolheu o Halterofilismo. A Sadef (Sociedade Amigos do Deficiente Físico do RN) é uma organização sem fins lucrativos, sediada em Natal, que há mais de duas décadas trabalha o esporte como ferramenta de inclusão de pessoas com deficiência.
Não demorou para Rizonaide mostrar que tinha talento. No ano seguinte, começou a competir, e em 2015 já veio o ouro na primeira competição internacional: o Parapan-americano, no Canadá. Um resultado surpreendente para a iniciante que, ainda sem apoio, precisava dividir a rotina de treinos com o trabalho. Rizonaide foi babá e empregada doméstica. “Era muito difícil e cansativo conciliar esporte e trabalho. Muitas vezes pensei em desistir”, diz a atleta, que felizmente resistiu.
Maria Rizonaide ainda foi ouro no Open das Américas de Saint Louis, nos EUA, em 2022; ouro na Copa do Mundo de Dubai em 2022; prata nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; e bronze na etapa de Dubai da Copa do Mundo. E na etapa de Tbilisi, na Geórgia, em junho, a atleta de apenas 46 kg levantou incríveis 106 quilos. Foi a melhor marca da carreira e que garantiu a vaga para Paris. Aos 42 anos, Rizonaide vai ser a única potiguar da modalidade nesta Paralimpíada. “Ao longo da preparação, fomos descobrindo brechas para colocá-la numa condição competitiva. Começamos o ciclo na categoria até 45kg, e há dois anos, migramos para os 50kg. Rizonaide terminou a corrida para Paris em 7° lugar no ranking, e estamos confiantes em voltar de Paris no mínimo no Top 5”, diz Carlos Williams, técnico da Sadef e da Seleção Brasileira, também convocado para Paris.
Vai ser a terceira Paralimpíada seguida do técnico. Carlos Williams destaca a participação feminina em 2024. “Em Paris, teremos um número recorde de atletas no Halterofilismo. São 11 representantes, sendo 7 mulheres. Vamos para a França com a expectativa de conseguir pelo menos duas medalhas, mas acreditando que podemos ser surpreendidos e subir no pódio mais vezes”, diz o técnico.
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