Ex-BBB Ana Paula Renault discute com Nikolas Ferreira em voo após discurso transfóbico
A jornalista e ex-participante do BBB Ana Paula Renault discutiu com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante um voo na manhã desta sexta-feira 10. A discussão ocorreu após o deputado ter feito um discurso transfóbico no Dia Internacional da Mulher.
A ex-BBB e o deputado sentaram lado a lado no avião que seguiu do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ao aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. “Parece até ironia do destino. Olha quem sentou do meu lado, agorinha, agorinha”, diz Ana Paula Renault, filmando o deputado, que dá tchau para ela.
“Nikolas, eu te indaguei se você vai continuar fazendo crimes no plenário”, continua ela.
Ferreira se defende, repetindo a todo tempo o artigo 53, em referência à proteção da liberdade de expressão dos parlamentares, prevista na Constituição Federal.
“Esse… não vamos chamar de moleque, porque é maior de idade, é homem formado, deputado eleito. Falou em alto e bom som que é a opinião dele e vai continuar emitindo. Eu falei que opinião é uma coisa, e crime é outra. Temos que fazer alguma coisa, para ele, é brincadeira desrespeitar mulheres trans e a comunidade LGBTQIA+.”, disse a jornalista.
Entenda o discurso
Nikolas Ferreira usou a tribuna da Câmara, usando uma peruca loira, para, no Dia Internacional da Mulher, fazer ataques a mulheres trans. Ele debochou, dizendo que “se sente mulher”, e que deveria ser chamado de “deputada Nicole” e, por isso, “tem lugar de fala”.
“As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo que é isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade.”, afirmou o deputado.
Transfobia
De acordo com o “Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras” da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), cento e trinta e uma pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil em 2022, o maior número em todo o mundo pelo 14º ano consecutivo.
Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, que passaram a ser enquadradas pela Lei de Racismo. Na decisão, a Corte definiu como crime condutas que “envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém”.
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