Folha revela diálogo entre juízes ligados a Moraes sobre Allan dos Santos: “Vontade de mandar uns jagunços pegar esse cara”
Recentemente, uma reportagem da Folha de S. Paulo trouxe novos detalhes sobre a complexa situação envolvendo o jornalista Allan dos Santos. A publicação de sábado (17) revela diálogos entre juízes do STF e TSE a respeito do caso, destacando a insatisfação com a atuação da Interpol e das autoridades dos Estados Unidos.
Allan dos Santos, conhecido por suas atividades em mídias sociais, enfrenta diversas investigações no Brasil, incluindo inquéritos sobre milícias digitais e disseminação de fake news. Sob ordens do ministro Alexandre de Moraes, há um mandado de prisão contra ele, e recentemente, novas acusações foram adicionadas ao caso.
Em 2021, Santos foi incluído na lista de procurados da Interpol, com pedido de extradição pelos EUA, onde reside atualmente. No entanto, o cumprimento efetivo dessas ordens tem sido um desafio para as autoridades brasileiras.
A troca de mensagens entre os juízes Airton Vieira e Marco Antônio Vargas em 2022 expôs o descontentamento da Justiça brasileira e faz parte dos mais de 6 gigabytes de diálogos obtidos pela Folha de S. Paulo. Vieira, um importante colaborador de Moraes no STF, relatou suas tentativas de acionar a Interpol no Brasil sem sucesso.
“Dá vontade de mandar uns jagunços pegar esse cara na marra e colocar num avião brasileiro”, disse Marco Antônio Vargas.
Os juízes discutiram a aparente inércia do escritório central da Interpol em Lyon, França, e expressaram suspeitas de um viés político na falta de cooperação. A situação se agravou quando Allan dos Santos foi visto em vídeos ofensivos em Nova York, aumentando a pressão sobre as autoridades brasileiras.
Postura dos EUA “complica” a extradição
Em outra frente, a atuação do governo dos Estados Unidos no caso de Allan dos Santos também tem sido motivo de frustração. Os EUA não responderam formalmente ao pedido de extradição, e isso levantou questionamentos sobre seu comprometimento com o combate à desinformação.
Vieira e Vargas demostraram impaciência nos diálogos, com Vargas chegando a sugerir ações mais drásticas, como a captura forçada do jornalista.
Os juízes também discutiram possíveis mudanças com a transição do governo brasileiro em 2023. Havia uma esperança de que o novo cenário político pudesse facilitar a conclusão do processo de extradição.
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