Justiça penhora troféus e camisas de ex-jogador da Seleção

06 de Setembro 2022 - 08h51

Ex-zagueiro com passagens vitoriosas por Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos, Roma e seleção brasileira, além de ser atualmente técnico de futebol, Antônio Carlos Zago enfrenta dívidas e problemas judiciais que lhe renderam a penhora de camisas, troféus conquistados na carreira, flâmulas e itens históricos de sua carreira.

No último dia 29 de junho, um oficial de Justiça visitou uma casa de Zago em Presidente Prudente e penhorou peças do ex-zagueiro. Entre eles, a Bola de Prata - prêmio da Revista Placar, considerado o mais importante do país - vencida por Antônio Carlos como o melhor zagueiro do Brasileiro de 1993, vencido pelo seu então time, o Palmeiras.

Também foram penhoradas 140 camisas oficiais de futebol, todas guardadas pelo ex-atleta ao longo de sua carreira, muitas delas autografadas. Entre elas, uniformes da Seleção Brasileira, do Santos, do Palmeiras e até da Roma com o autógrafo de Francesco Totti, com quem Zago jogou entre 1998 e 2002.

O oficial de Justiça ainda acrescentou à penhora flâmulas de jogo, colecionadas pelo ex-zagueiro enquanto jogador profissional, de clubes como Barcelona, Milan e Juventus. Outros troféus e quadros de autógrafos de torneios disputados por Zago foram incluídos na extensa lista.

Não para por aí. Anteriormente, o ex-zagueiro também teve penhorados terrenos, uma moto Harley Davidson, além de diversos móveis, como mesas, cristaleiras, bar, poltronas, estantes, cômodas, aparadores, balcões, gavetas, portas, esculturas, bancos, eletrodomésticos, sofás, aparelhos e equipamentos de ginástica.

A penhora ocorreu pois não foram encontrados valores nas contas bancárias de Zago. E foram por conta de um processo movido por João Assef, que era amigo e foi procurador de Zago. Ele ingressou com algumas ações contra o ex-jogador cobrando confissões de dívidas que, à época da abertura dos processos, estavam em torno de R$ 8 milhões.

Antônio Carlos já foi condenado nos processos. Em uma das ações, em sua defesa, Zago alegou que tinha amizade com Assef, que foi designado para administrar seus bens e finanças, inclusive enquanto o ex-zagueiro enfrentava severa crise em suas finanças, em 2015, conforme alegou na Justiça. 

Ele alegou que assinou as confissões de dívidas pois foi instruído que seria uma forma de "blindar" seu patrimônio, mas que o procurador havia "efetivado várias transferências ilícitas de imóveis, assinando contratos de confissão de dívidas e hipotecou bens, sem prestar contas e qualquer justificativa ou mesmo a origem desses negócios escusos".

Assef rebateu dizendo que é titular dos créditos da escritura pública que originou o processo e apresentou documentos para corroborar a tese de que pagou inúmeras dívidas do ex-atleta. Foram realizadas audiências com testemunhas. Duas delas confirmaram a versão de Zago, mas uma foi declarada suspeita e outra teve o depoimento desconsiderado.

Em sua sentença, publicada no último dia 13 de julho, o juiz Leonardo Marcondes afirmou que Zago não comprovou suas alegações e, por isso, rejeitou a defesa do ex-zagueiro, dando ganho de causa a Assef. Nesta última sexta (2), a Justiça ainda indeferiu um recurso do técnico de futebol, mantendo a decisão favorável ao procurador.

Murilo Ramalho, advogado de Zago, manteve a defesa de que João Carlos Assef usou ilegalmente procurações que lhe foram outorgadas para transferir bens para ele mesmo, além de constituir dívidas em nome do ex-atleta de forma ilegal e abusivamente em proveito próprio. 

"O Antonio Carlos Zago foi completamente enganado por essa pessoa que gozava da confiança absoluta dele e está pagando um preço caro por isso", disse Ramalho.

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