Loja é acusada de racismo após colocar manequim preto para ‘quebrar’ vitrine

16 de Fevereiro 2022 - 16h17

A montagem de uma vitrine de promoção está causando consternação nos clientes do Shopping Barra, em Salvador. A loja Reserva, localizada no centro comercial, resolveu colocar um manequim preto com a perna encaixada em uma vidraça, como se estivesse prestes a estilhaçá-la. As informações são do Correio Braziliense.

Em um país onde a população negra está mais exposta à violência urbana — a taxa de homicídios entre negros é 2,6 vezes maior que entre brancos, segundo o Atlas da Violência 2021 — a campanha gerou revolta. “Isso é racismo escancarado, nem sei como reagir”, escreveu a influenciadora Ashley Malia ao comentar o caso no Twitter na ontem (15).

Ela continuou o texto pedindo que postura como essa sejam passíveis de punição. “Empresas e pessoas precisam ser responsabilizadas por práticas racistas. É inconcebível a população negra continuar sendo violentada dessa forma. Isso continua acontecendo porque o Brasil não tem compromisso com a pauta racial e não trata isso como uma questão importante”, argumentou.

Denúncia

A denúncia foi feita na segunda-feira (14) por uma cliente do shopping ao jornal Correio 24h. A administradora Rafaela Santos disse ao portal que achou a montagem de muito mal gosto e ofensiva e que foi à administração do shopping registrar queixa do ocorrido. “Não sei qual a mensagem que quiseram passar, mas ficou ofensivo. Já é raro ver esses manequins de cor preta e quando vemos é associando a vandalismo? Eu fiquei muito chateada”, disse.

Ela lembrou os fatos recentes de racismo no país, como o de Durval Teófilo Filho, assassinado por um vizinho enquanto abria a mochila para pegar as chaves da própria casa. Para a administradora, esse tipo de campanha só reforça o risco para a população negra.

Essa não é a primeira vez que uma loja de grife é acusada de racismo em shoppings da cidade. Há pouco mais de um mês, a loja Zara do Shopping da Bahia também esteve envolvida em um caso similar. Na ocasião, funcionários da loja e do shopping revistaram e constrangeram um cliente que tinha acabado de comprar uma mochila, mesmo depois que ele apresentou nota fiscal.

Resposta

O Correio procurou o Shopping Barra e a loja Reserva para pedir informações sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestações das empresas.

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