"Me chutaram pela porta dos fundos", diz Evaristo Costa sobre demissão da CNN

14 de Setembro 2021 - 11h25

Evaristo Costa não esconde seu ressentimento pela CNN Brasil. O jornalista de 44 anos soube de sua demissão pela televisão e confrontou seus superiores. Mais do que isso, expôs a situação em suas redes sociais e lamentou toda a questão. Pouco mais de uma semana após o ocorrido, o profissional faz acusações contra a antiga casa. Até advogados entraram na história. "Eles me chutaram pela porta dos fundos", reclama.

O desligamento de Costa foi oficialmente divulgado pela CNN Brasil em 3 de setembro. No mesmo dia, ele foi às redes sociais contar os bastidores de sua saída. Segundo ele, a constatação de que estava fora ocorreu --sem querer-- quando ele via a própria CNN Brasil ainda em suas férias, em 1º de setembro.

"Eles foram extremamente deselegantes e despreparados durante o distrato. Fui surpreendido por quem não esperava ser surpreendido, considero uma sabotagem. Mas quem levou o tiro no pé pela atitude foram eles mesmos. Eu optei pela verdade", declara ao Notícias da TV.

"Eu fui dispensado da forma que noticiei: descobri sozinho, assistindo à chamada da nova programação e não me vi --nem meu programa, nem eu-- lá. Um dia antes de voltar das férias, liguei para a direção e disseram que meu programa iria sair da grade e que a CNN não tinha mais interesse nos meus serviços", continua.

O ex-apresentador de Séries Originais revela algumas negociações sobre a questão. No entanto, não houve acordo. "Durante as tentativas de negociação, eles insistiram várias vezes para que eu anunciasse de forma conjunta à imprensa que foi um distrato de comum acordo e, claro, não aceitei a mentira. Chegaram até a me enviar o texto que queriam divulgar", entrega.

"Faltavam 15 meses [de contrato] ainda quando fui surpreendido. Não foi em comum acordo. A ação da CNN foi totalmente despreparada. Na hora de me contratar, aceitaram todas as minhas exigências com carpete vermelho. Na hora de me dispensar, me chutaram pela porta dos fundos, sem qualquer consideração", protesta.

Em comunicado enviado à imprensa para anunciar o desligamento de Costa, o canal destacou que a decisão de encerrar o contrato foi "estratégica e de programação".

"Não fui eu que pedi pra trabalhar lá, eles vieram insistir diversas vezes aqui em Cambridge [no Reino Unido], onde vivo. Mas eu honrei com tudo que prometi. Foi um prazer e um grande desprazer trabalhar lá. Não questiono a demissão, questiono a forma que se deu", retruca o comunicador.

Um dos principais nomes contratados pela CNN Brasil, Costa ficou na "geladeira" durante dois meses após a inauguração do canal de notícias. Quando finalmente entrou no ar, o Séries Originais foi apresentado como uma das atrações de domingo, mas não conquistou bons índices de audiência. Isso fez com que a atração fosse transferida para as noites de quinta-feira.

Agora, fora da televisão, Evaristo diz que segue em seu período sabático --seu plano inicial quando deixou a Globo. "Agradeço o carinho de milhares de pessoas que se identificaram com o que passei. Quem é demitido se sente mal, e me expor com a verdade mostrou às pessoas que ninguém está livre de ser demitido. O questionável é a forma. Ninguém mais aceita desrespeito. Empresas competentes cuidam bem da sua reputação", observa.

"Quanto ao meu futuro, estou feliz e grato como garoto-propaganda de várias marcas que confiam na minha imagem e sigo na Inglaterra com meu sabático que foi interrompido pela CNN", finaliza.

À reportagem, a CNN Brasil disse que a demissão só ocorreu após o jornalista recusar os novos modelos de trabalho que lhe foram propostos.

"Sobre as circunstâncias da saída do jornalista Evaristo Costa, a CNN Brasil, em respeito ao seu público, seus profissionais e parceiros, esclarece que o fim do contrato ocorreu depois que proposta de outros modelos para sua atuação, inclusive a partir do Brasil, não foi aceita pelo profissional. A CNN buscou alternativas consensuais e cumpriu com todas as obrigações contratuais decorrentes do fim do contrato", disse o canal em nota.

"A CNN entende que negociação e reformulações fazem parte da relação profissional e são sempre necessárias para acompanhar as tendências do público e adequar a sua programação. A emissora considera que o episódio está superado e deseja a Evaristo sucesso em sua carreira."

Caso foi para advogados
A demissão de Evaristo Costa poderá ganhar novos capítulos. Entre os detalhes que resultaram em seu desligamento da empresa, há alguns pormenores. Por não ter sido resolvido às boas, o caso foi parar na mão de advogados de ambas as partes.

Em recente declaração à IstoÉ, Costa entregou a situação após a primeira explicação que recebeu ao confrontar a CNN sobre o fim de seu Séries Originais. "Alegaram que não conseguiram vender patrocínio para meu programa, que não é a minha área", disse.

"Disseram que não tinham mais interesse nos meus serviços, a menos que eu voltasse para o Brasil, mas isso eles sabiam que eu não aceitaria. Por isso, acredito que já estava tudo acertado entre eles. Desliguei o telefone e os acordos passaram a ser entre advogados", contou.

Ao Notícias da TV, ele esclarece que essa parte foi encerrada --ao menos em sua visão. "As conversas entre advogados já chegaram ao fim. As partes têm direito agora de questionar as legitimidades em juízo", diz.

Em um novo desenrolar do imbróglio, Renata Afonso, CEO da CNN Brasil, declarou ao colunista Mauricio Stycer, do UOL, que Costa "desvirtuou" as razões que levaram ao fim de seu contrato. O profissional rebate.

"A CEO diz que tentei desvirtuar a minha desrespeitosa demissão falando que meu programa não fazia parte da linha soft [entretenimento e soft news], por isso não aparecia na chamada. Na verdade, eles estão tentando colocar panos quentes. É querer justificar o injustificável. Seria melhor assumir que não agiram de forma correta, ficava menos vergonhoso", aponta.

 

Fonte: UOL

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