Milton Ribeiro diz ter recebido ligação de Bolsonaro: 'O presidente acha que vão fazer uma busca e apreensão'

24 de Junho 2022 - 17h06

Uma conversa revelada nesta sexta-feira (24) com o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, aponta que ele previa que seria alvo de uma operação da Polícia Federal. Isso porque, nessa conversa, Ribeiro afirma para a filha que recebeu uma ligação do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) e ele teria dito que haveria uma busca e apreensão contra ele. 

Segundo o Globo.com, a ligação ocorreu em 9 de junho, antes de Ribeiro ter sido alvo da operação da PF - deflagrada em 22 de junho. "A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Ribeiro para a filha. O trecho está em investigação da Polícia Federal.

"Ele quer que você pare de mandar mensagens?", pergunta a filha. "Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?", afirmou o ministro.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu para a Justiça que a investigação sobre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro seja enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o MPF, a medida é necessária porque há indício de que o presidente Jair Bolsonaro pode ter interferido na investigação.

O MPF justifica o pedido com base em interceptações telefônicas de Milton Ribeiro que indicam a possibilidade de vazamento das apurações do caso. Segundo o MPF, há indícios de que houve vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Bolsonaro.

O advogado Daniel Bialski disse para Andréia Sadi que ainda não havia tido acesso a todo o processo. E que, se há a citação ao foro privilegiado, a prisão de Milton Ribeirão deveria ter sido decretada pela primeira instância --e o caso ter sido remetido antes ao Supremo Tribunal Federal.

"Observando o áudio citado na decisão, causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva", informou a defesa de Milton Ribeiro.

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