“O que eu sofri foi assédio”, diz advogada comparada à cadela por promotor

14 de Setembro 2023 - 21h08

A advogada Catharina Estrella Ballut afirma ter sido comparada a uma cadela por Walber Nascimento, promotor de justiça, durante sessão do Tribunal de Júri em Manaus. As ofensas foram proferidas na terça-feira (12).

O episódio foi testemunhado na sessão e a advogada prontamente protestou, dirigindo-se ao juiz em busca de intervenção. No entanto, a gravação do momento foi interrompida, impedindo a captação da fala do magistrado.

Segundo Catharina, o juiz pediu que a advogada e o promotor tivessem ‘hombridade’ e se tratassem bem. ‘Aí ele continua e faz novamente a referência de que seria uma ofensa à cadela se comparada a mim’, acrescenta a advogada.

“O juiz nada fez e eu não me manifestei no momento. Ele foi extremamente omisso. O CNJ [Conselho Nacional de Justiça] tem um protocolo de gênero. Ele não podia ter deixado aquilo acontecer. Ele deveria ter advertido o promotor de justiça”, argumentou Catharina em relação à postura do juiz que presidia o julgamento.

Em resposta às alegações de Catharina, o promotor Nascimento argumentou que a comparação era dirigida à cadela e não à advogada. “Comparar vossa excelência a uma cadela é, de fato, ofensivo, mas não à vossa excelência e sim à cadela”, afirmou ele.

A advogada, em entrevista à CNN, relatou ter sofrido assédio moral e institucional, e destacou a omissão do juiz diante da situação.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Amazonas, Jean Cleuter Simões Mendonça, repudiou veementemente a atitude do promotor contra a advogada.

Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (13), Catharina emocionada afirmou: “Tomarei todas as medidas por mim, por minhas filhas e por outras mulheres”.

Catharina Estrella Ballut anunciou que buscará uma indenização do promotor Walber Luís, ressaltando a necessidade de apoio psicológico após o ocorrido.

Walber Nascimento em suas redes sociais, afirmou nunca ter sido demandado por desrespeitar um colega ao longo de seus 32 anos de atuação como promotor. A Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP) também emitiu nota em apoio ao promotor, destacando sua atuação na defesa dos direitos das vítimas de crimes de gênero.

Até o momento da publicação desta matéria, o Ministério Público do Amazonas, o Tribunal de Justiça do Amazonas e o Conselho Nacional de Justiça não se manifestaram sobre o caso.

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