Operação mira influenciador que fraudou a Receita em R$ 50 milhões

01 de Outubro 2024 - 10h44

A Polícia Federal e a Receita Federal do Brasil estão nas ruas nesta terça-feira, 1º, para desarticular a atuação de um influenciador digital que teria causado prejuízo de mais de 50 milhões de reais ao erário por meio da importação irregular e venda de diversos produtos. O nome do principal alvo da operação não foi revelado, mas a reportagem apurou que se trata de Mayke Garbo Gomes Pereira. Ele promove cursos na internet ensinando como importar telefones celulares e smartwatches, além de roupas e calçados, sem pagar impostos.

 

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Arujá, Itu, Guarulhos, Barueri e Maceió. Ao todo participam da Operação Ifraud 35 policiais federais e 25 auditores fiscais e analistas tributários da Receita.

 

Com mais de 644 mil seguidores no Instagram e mais de 245 mil no YouTube, o influenciador costuma publicar vídeos e promover cursos em suas redes sociais, cujo treinamento é denominado por ele como “Universidade da Importação”.

 

Ele se apresenta como fornecedor de produtos para seus alunos por meio de um “método próprio” de importação. Os auditores, no entanto, apontam indícios de fraude e lavagem de dinheiro.

 

Vida de luxo

Segundo os investigadores, com os lucros auferidos das atividades ilícitas, o influenciador passou a ostentar uma vida luxuosa, exibindo carros de luxo e casas de alto padrão na mesma proporção em que multiplicavam reclamações em portais de defesa do consumidor de alunos e clientes que tiveram importações interceptadas e apreendidas pela Receita Federal.

 

Nos vídeos que divulga na internet, o influenciador convida seus seguidores a importar smartphones “sem taxação” em operações realizadas por distribuidores parceiros, que são divulgados exclusivamente para seus alunos nos cursos que desenvolve. Segundo os investigadores, nessas situações, os clientes e alunos do influenciador estavam adquirindo, na verdade, mercadorias que já haviam sido introduzidas ilicitamente no mercado nacional.

 

Em seus vídeos, o influenciador direcionava alunos e clientes para que realizassem transações com supostos “sites parceiros” e de “compra assistida” no exterior. Para os investigadores, ele criava uma pretensa ilusão de que o cliente estaria adquirindo smartphones sem tributação, quando na verdade despachavam as cargas ao Brasil como se fossem bagagens desacompanhadas de pessoas físicas — hipótese em que, em determinadas situações, há isenção tributária.

 

Fraude com Iphones

Em um dos vídeos divulgados no YouTube, o influenciador descreve uma de suas táticas para burl(''), que têm tributação reduzida, em clara fraude à importação.

 

A investigação apontou que o influenciador amplifica sua atuação por meio de empresas, usadas para promover os cursos, servir de garantia de que tinha estoque de produtos importados no Brasil e para emissão de notas fiscais fraudulentas.

 

A Universidade da Importação (UDI), onde Pereira divulga diversos cursos em suas redes sociais, está registrada na plataforma Hotmart em nome da MG Gomes Pereira Empreendimentos, que tem ele como único sócio. Em sua conta no Instagram, o influenciador também informa que tem estoques no Brasil pela empresa Brands4you Comércio de Equipamentos e Suprimentos de Informática LTDA.

 

A investigação constatou também que Pereira utilizou como “noteira” a Spigen Brasil – Distribuidora e Importadora de Acessórios para Celular e Tablet LTDA. Os investigadores identificaram que a empresa tem como principais entradas de nota fiscal eletrônica o produto “Tela de Cristal Líquido (ano 2022)”. A descrição, segundo os investigadores, é comumente utilizada em fraudes em importações e saídas de mercadorias diversas, principalmente Iphones.

 

Mais provas 

Segundo os responsáveis pela investigação, os mandados têm o objetivo de apreender novas evidências de crimes cometidos, além da comprovação de possível lavagem de dinheiro e evasão de divisas, bem como identificação de outros eventuais participantes do esquema.

 

Os dados identificados como beneficiários das práticas criminosas serão utilizados para alimentar os sistemas de gerenciamento de riscos da Receita, que deverá instaurar procedimentos de fiscalização mirando os principais beneficiários da fraude.

 

Maquiavel - VEJA

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