Petiscos de R$ 4,6 mil e whisky a R$ 13 mil: pessoas passam 3h em fila de bar em hotel de 'ultraluxo'
O mercado de luxo em São Paulo ganhou um representante de alto nível com a inauguração parcial da Cidade Matarazzo, um empreendimento imobiliário de "ultraluxo" com investimento previsto de R$ 2,7 bilhões, em uma área de 27 mil metros quadrados no Centro de São Paulo, que reúne um hotel, restaurantes de alta gastronomia e um bar. As informações são do G1.
Localizado na antiga área dos Hospitais e Maternidade da Família Matarazzo, na Rua Itapeva, próxima à Avenida Paulista, o espaço na Bela Vista ainda não está 100% concluído e deve ser totalmente inaugurado apenas em 2024. O abre-alas do empreendimento é o hotel Rosewood São Paulo, que tem diárias que variam de R$ 2.950 a R$ 7,5 mil.
O hotel abriu as portas com 46 dos 160 quartos previstos, mais três restaurantes de alta gastronomia e um bar de drinks e jazz ao vivo dos anos 30.
Os pratos e petiscos nesses restaurantes podem chegar a R$ 4.600 e no fim de semana há fila de espera de até 3 horas no bar Rabo di Galo, onde uma garrafa de whisky pode chegar a R$ 13 mil e o vinho a R$ 11 mil (veja mais abaixo).
Para completar, o prédio onde funcionava a maternidade reúne piscina e bar exclusivos para os hóspedes, com uma vista panorâmica da cidade no chamado Belavista Rooftop.
Quando ficar totalmente pronto, os 11 prédios da Cidade Matarazzo devem contar com galeria de arte, um parque com escritórios para empresas de economia verde, mercado de produtos orgânicos e também um shopping com mais de 70 lojas de luxo, além de três espaços gastronômicos que comportarão 34 restaurantes.
Bar com jazz e whisky a R$ 13 mil
Por hora, o hotel Rosewood São Paulo se apresenta com três restaurantes e um badalado bar, o Rabo di Galo, abertos para o público externo. O Belavista Rooftop Pool & Bar e o The Emerald Garden Pool & Bar são exclusivos para os hóspedes.
Apesar do bar Rabo di Galo ter o nome de uma bebida popular brasileira (mistura de cachaça, Cynar e vermute), o sofisticado espaço tem produtos no cardápio que chegam a R$ 13 mil, como é o caso da garrafa do whisky The Macallan M.
Os outros whiskys da mesma marca, o The Macallan Sherry Oak 25 e o The Macallan Sherry Oak 30, custam, respectivamente, R$ 5.500 e R$ 9.500 cada garrafa.
Com apresentações ao vivo de jazz dos anos 30, o Rabo di Galo também tem drinques criados sob medida e petiscos conhecidos de bares brasileiros, como o Bolovo de Frango e Caviar, que custa R$ 135 a unidade, ou Mini Burger de Foie Gras, ao preço de R$ 95 cada.
Apesar de preços altos, há também bebidas mais em conta, como os coquetéis que vão R$ 65 a R$ 95, e as cachaças brasileiríssimas que variam entre R$ 45 a R$ 95 a dose.
Por não fazer reservas e comportar apenas 35 pessoas na parte interna, o Rabo di Galo tem filas de até 3 horas aos finais da semana, de paulistanos curiosos pelas novidades assinadas pela Chef de Mixologia do hotel, Ana Paula Ulrich.
O design sofisticado do bar foi inspirado justamente nos clubes clássicos de jazz americanos dos anos 30, apresentando móveis de couro, madeiras escuras e iluminação indireta para criar uma atmosfera íntima.
Petisco de caviar por R$ 4.600
Já os restaurantes inaugurados no hotel Rosewood São Paulo são o Le Jardin, o Blaise e o Taraz. Cada um ocupa um espaço diferente e tem cardápios bem diversificados.
O Le Jardin, que vai do lobby aos jardins do hotel, funciona por 24 horas e é iluminado por luz natural. Os pratos principais vão de R$ 92 (ravióli de burrata) a R$ 168 (camarões salteados).
É possível comer ainda petiscos como o Caviar com blinis e chantilly de vodka, que custa de R$ 1.160 (30g) a R$ 4.600 (125g).
O restaurante Blaise, de culinária francesa e brasileira, funciona apenas no jantar e tem cortes de carnes de R$ 275 (Frango Orgânico Rotisserie) e R$ 340 (Prime Rib de Wagyu Brasileiro).
O cardápio assinado por chefs renomados como Felipe Rodrigues, Rachel Codreanschi e Saiko Isawa une pratos clássicos da culinária francesa com toques de brasilidade, como o Tartare de Wagyu brasileiro (R$ 108) e o Foie Gras Grelhado (R$ 152).
Já o restaurante Taraz, tem um cardápio de pratos típicos da América do Sul, oferecendo clássicos da região como ceviche, picanha, bobó, etc. O menu é preparados ao estilo brasileiro, com curadoria do aclamado Chef Felipe Bronze, que trabalhava no concorrente Palácio Tangará - hotel de luxo cinco estrelas situado no Parque Burle Marx, no Panamby, Zona Sul da capital paulista.
O cardápio do Taraz, aliás, tem um trecho do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, lido na Semana Moderna de 1922 e diz:
"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question".
Com essa pegada de integração, os pratos principais do Taraz custam de R$ 68 (pastel da camarão) a R$148 (picanha) e são mais convidativos ao público menos abastado.
Parques públicos integrados
A ideia da criação da ultraluxuosa Cidade Matarazzo é do empresário francês Alexandre Allard, do Groupe Allard, responsável por diversos projetos no mundo de renovação e no restauro de edifícios antigos, com o Royal Monceau e do Hotel Particulier de Pourtalès, em Paris.
A empresa de Allard arrematou recentemente o leilão de concessão de dois parques na região da Avenida Paulista: o Parque Trianon e o Parque Mário Covas, por 25 anos, em parceria com a Farad Service, do empresário Michel Farah – responsável pela concessão do estádio do Pacaembu.
Os dois parques e a Praça Alexandre Gusmão ficam pertinho do empreendimento particular de Allard e foram arrematados por R$ 3,3 milhões de outorga. O contrato de concessão foi assinado em 26 de janeiro e o Consórcio Borboletas deve assumir a gestão das três áreas de fato no prazo de 90 dias.
Uma das ideias do francês é integrar as três áreas públicas com o parque dentro da Cidade Matarazzo por meio de uma espécie de “maternidade de borboletas” nessas áreas.
O objetivo é recriar a biodiversidade natural para que 560 espécies de borboletas consigam transitar e sobreviver entre as áreas públicas e também a Cidade Matarazzo.
Império Matarazzo restaurado
Ao visitar São Paulo, ele viu no antigo complexo de hospitais da família Matarazzo - que começou a ser erguido em 1904 por Francesco Matarazzo - oportunidade para mais um mega investimento de luxo. O terreno foi arrematado em 2011, por cerca de R$ 117 milhões.
O empreendimento em São Paulo tem investimento em parceria com empresários chineses e projeto do renomado arquiteto francês Jean Nouvel, vencedor em 2008 do Prêmio Pritzer.
Nouvel é conhecido pelos projetos de edifícios como o Centro de Cultura Árabe, em Paris; o edifício Dentsu, em Tóquio; e a Torre Agbar, em Barcelona. O arquiteto projetou o hotel Rosewood São Paulo e deu o nome da torre principal de Torre Mata Atlântica, inspirado na biodiversidade brasileira e na ideia de sustentabilidade do projeto de Allard.
A administração do espaço diz que pretende utilizar 100% de energia renovável no hotel dentro de um ano, incluindo painéis solares no local e energia de fonte renovável. O espigão também tem 250 árvores de até 14 metros de altura, que fazem parte do projeto sustentável do arquiteto francês.
A torre de 22 andares é a primeira unidade do hotel Rosewood na América Latina. A rede de alto luxo já tem 28 hotéis pelo mundo, mas apenas seis deles são de altíssimo padrão como em São Paulo: o ‘The Carlyle’ e ‘A Rosewood Hotel’, em Nova York; o Rosewood Mansion on Turtle Creek, em Dallas; e o “Hôtel de Crillon” e o ‘Rosewood Hotel’ em Paris; e o Rosewood Hong Kong.
O Rosewood São Paulo também abrange a Capela de Santa Luzia, outro edifício histórico que foi restaurado para preservar a arquitetura de 1922. A capela foi reaberta em novembro do ano passado, com missa oficial do arcebispo de São Paulo. Tombada pelo patrimônio histórico, ela chegou a ficar suspensa 30 metros de altura, por oito pilares, durante as obras iniciais da Cidade Matarazzo.
A ideia do espaço, segundo Alexandre Allard, é que a capela possa ser frequentada por toda a comunidade da Bela Vista, não apenas o ricos frequentadores do espaço. A proposta é que ela abrigue missas dominicais, além de casamentos e batizados.
O parque sustentável construído na área também poderá ser aberto à comunidade, segundo o Groupe Allard.
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