MPRN defende investigação nacional sobre esquema de apostas no futebol; CBF descarta parar Brasileirão
Por Junior Lins
O promotor de Justiça e responsável pela fiscalização do cumprimento do Estatuto do Torcedor, no Rio Grande do Norte, Luiz Eduardo Marinho, pediu uma investigação por parte da Polícia Federal sobre o esquema que liga apostadores a resultados de jogos de futebol.
Conforme dito por Marinho, é necessária uma intervenção de órgãos federais para poder encontrar os responsáveis, que costumam dar esses "golpes" e migrarem de estados como forma de despistar os órgãos de segurança estaduais.
"O que eu acredito é que hoje precisamos de uma federalização dessas investigações. Elas precisam ser globalizadas. São várias ramificações e o resultado será melhor se conseguirmos desbaratar essa quadrilha, que age em todo o Brasil. Da forma como está acontecendo, são situações pontuais, em casos que acontecem na Paraíba, no Ceará e no RN. Assim como amanhã elas podem circular por esses estados e isso tem causado problemas na investigação", afirmou.
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O caso descoberto na operação Penalidade Máxima, no Ministério Público de Goiás, ganhou maiores proporções e conseguiu atingir outros estados e diversos envolvidos. Com toda essa avalanche de casos, o ministro da Justiça, Flávio Dino, que mandou a Polícia Federal ajudar nas investigações, ao ser provocado sobre o assunto disparou:
“Sinceramente, não vejo razão para isso (suspender os campeonatos), a não ser que as investigações mostrem comprometimento ainda maior. Sendo casos isolados, você tem que, de fato, separar essas pessoas e impor sanções para que o campeonato possa acontecer”, disse Dino.
Ou seja, para um bom entendedor, está claro que o ministro da Justiça não descarta totalmente essa possibilidade, quando diz: “A não ser que as investigações mostrem comprometimento ainda maior”.
CPI DAS APOSTAS
Diante de toda essa repercussão, deputados devem escolher na próxima terça-feira (16) os nomes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das apostas de manipulação de resultados no futebol. A previsão é que a CPI seja instalada até quarta-feira (17), ao mesmo tempo que duas outras: a do MST e a da Americanas. Os parlamentares devem escolher quem ficará com a relatoria e a presidência e, ainda, indicar os deputados que vão compor o colegiado.
Deputado federal (PSB-RJ) e ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, é um dos nomes que devem estar na lista dos integrantes. Eduardo foi convidado por Felipe Carreras (PSB-PE) pela ligação que tem com o esporte. Carreras é o autor da proposta da CPI e o principal nome para ocupar a presidência da comissão.
CBF afirma que não há hipotese de paralisar o Brasileirão
Acompanhando todos os acontecimentos e denúncias de manipulação de resultados no futebol brasileiro, a Procuradoria da Justiça Desportiva vem a público informar que está investigando e apurando todo os casos deflagrados na Operação Penalidade Máxima, orquestrada pelo Ministério Público de Goiás, além dos casos oficiados pela Confederação Brasileira de Futebol em que a empresa Sportradar identificou movimentações suspeitas nos sites de apostas em jogos relacionados aos campeonatos nacionais.
Atentos e preocupados com a manutenção da credibilidade do futebol brasileiro, a Procuradoria destaca que vem atuando através da troca de informações e a colaboração entre as instituições (Ministério Público de Goiás x STJD) agindo para que todos os envolvidos sejam denunciados e levados a julgamento com base no que prevê o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
Cumpre ressaltar ainda que, neste momento, não há nenhuma hipótese de paralisação de qualquer competição ou anulação das partidas, uma vez que não há qualquer indicio do envolvimento dos clubes e das casas de apostas.
Desta forma, com a identificação e comprovação da participação de atletas, os mesmos serão denunciados e punidos com penas de suspensão de 180 a 720 dias, cumulada com multa de até R$ 100 mil e, em casos de reincidência, a eliminação do atleta (penas previstas nos artigos 243 e 243-A. ambos do CBJD).
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