Doenças da córnea são a quarta principal causa de cegueira no mundo. Isso significa dizer que 12% dos casos de cegueira no mundo se dá por problemas relacionados à córnea. Destas, a grande maioria poderia ser solucionada com a realização do transplante de córnea. No entanto, vários entraves dificultam este processo.
Atualmente, no Rio Grande do Norte o tempo médio de espera para conseguir um transplante de córnea é de 1 ano e 7 meses. De acordo com dados de março do corrente ano, quase 500 famílias esperam na fila. Em todo o Estado, apenas em Natal e Parnamirim se realiza tal cirurgia e há poucos centros habilitados no sistema suplementar de saúde. Porém, o maior entrave é a limitação do tecido corneano.
A solução mais viável é, segundo o presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Norte, Anderson Martins, a implementação de captação de tecido corneano por meio de instituições privadas habilitadas. “Infelizmente, temos uma grande limitação na captação do tecido. Este é o principal fator limitante que temos hoje. Não há centro privado que faça essa captação atualmente. Existem hospitais privados habilitados para este serviço, no entanto, ‘paramos’ na falta de convênio entre o Estado e o centro. E isso poderia ser resolvido facilmento, uma vez que esse convênio não teria custos para o Estado, pois são verbas federais do recurso do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC). Então, muitas vezes, perdem-se doadores por este problema”, explica o oftalmologista especialista em córnea, crescentando que os centros transplantadores estão com equipes ociosas por falta de córneas.
O Hospital de Olhos de Parnamirim é habilitado à realização de transplantes de córnea e também à sua captação. Com a infraestrutura que possui hoje, o HOP possui condições de realizar os procedimentos de ações, retirada e entrevista familiar, bem como de avaliação do doador, enquanto o atual banco de olhos vinculado ao Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) faria os procedimentos relativos ao processamento e sorologias para encaminhamento do tecido para transplante. A unidade é o único centro transplantador de córnea fora da capital, mas que está dentro da Grande Natal. Possui três médicos cadastrados aptos para realização de transplante de córnea e está habilitado não somente a realizar as cirurgias, como também a realizar a captação e aumentar a disponibilidade de córneas para todo o Rio Grande do Norte.
“A ideia é que a partir da implementação desse novo fluxo de captação, com profissionais habilitados realizando os procedimentos necessários, em cooperação com as equipes já existentes vinculadas ao HUOL, se consiga uma aceleração relevante na quantidade de córneas captadas e disponíveis a transplante, em um prognóstico de redução do tempo de espera da fila de transplante do tecido ocular. Com a equipe que temos e que está pronta para atender ao aumento da demanda, a fila de transplante de córnea no RN – que hoje tem mais de 500 olhos em espera – pode ser zerada em até dois anos”, esclarece Anderson Martins.
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