O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, presidenciável nas duas últimas eleições, comunicou nesta sexta-feira à direção do PDT que está deixando o partido. Ciro avalia a possibilidade de filiação ao PSDB ou ao União Brasil para participar de uma candidatura que faça oposição ao PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2026. A informação é do O Globo.
Conforme noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo, e confirmado pelo GLOBO com dois interlocutores de Ciro, o ex-ministro entregou uma carta na manhã desta sexta ao presidente do PDT, Carlos Lupi, anunciando sua decisão de sair do partido.
Lideranças do diretório nacional do PDT afirmam, por outro lado, que Ciro ainda não formalizou o pedido de desfiliação. Mas a avaliação dessas lideranças, em caráter reservado, é de que a saída de Ciro do partido é questão de tempo. Procurado pela reportagem, Lupi não foi localizado.
Ciro estava filiado ao PDT desde 2015, e disputou as eleições presidenciais de 2018 e de 2022 pelo partido. Em 2018, ele teve o melhor desempenho do partido em uma corrida ao Palácio do Planalto desde Leonel Brizola em 1989, e ajudou o PDT a eleger 28 deputados federais, a maior bancada do partido no pós-Brizola.
Já em 2022, Ciro angariou apenas 3% dos votos na corrida presidencial, seu pior resultado, e a representação do PDT na Câmara caiu para 17 deputados, também um recorde negativo para o partido no período.
Em entrevistas recentes, Ciro havia declarado estar "infeliz" com o fato de o PDT ter entrado na base do PT nos governos federal e do Ceará. Crítico frequente do governo Lula, Ciro também mostrou desagrado com o que classificou como "fritura" de Lupi na crise do INSS, que levou o dirigente pedetista a ser demitido do Ministério da Previdência.
Embora tenha acenado com uma aposentadoria da política após o resultado nas eleições de 2022, Ciro vem acalentando a possibilidade de encabeçar uma candidatura de oposição ao PT no ano que vem, seja a nível estadual ou nacional. No Ceará, um dos principais aliados de Ciro e ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, também deixou o PDT neste ano e anunciou sua filiação ao União Brasil.
O partido, que faz oposição ao PT no Ceará, é um possível destino para o ex-ministro. Em agosto, por exemplo, Ciro participou em Brasília do evento que anunciou a federação entre União Brasil e PP.
Outra opção é retornar ao PSDB, sigla pela qual se elegeu governador do Ceará em 1990. Ciro manteve boa relação com um dos caciques tucanos no estado, o ex-senador Tasso Jereissati, que segue influente na sigla mesmo tendo se aposentado das urnas.