A investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal revelou que o esquema de descontos indevidos em aposentadorias do INSS atingiu principalmente pessoas vulneráveis, como moradores de áreas rurais, analfabetos, doentes sem capacidade de locomoção e pessoas com deficiência. O prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
Um dos casos mais emblemáticos envolve um aposentado de 78 anos de Manacapuru (AM), que aparecia vinculado a uma associação localizada em São Gabriel da Cachoeira (AM), a quase mil quilômetros de distância. Segundo a CGU, é “improvável” que o idoso tenha feito esse deslocamento ou recebido qualquer serviço da entidade. A investigação cita ainda autorizações assinadas por indígenas analfabetos, pessoas impossibilitadas de se locomover ou de se manifestar legalmente.
Em entrevistas realizadas com 1.198 aposentados, 1.172 afirmaram não ter autorizado os descontos. Também foram identificados casos em que, mesmo após pedido de cancelamento de descontos anteriores, novos lançamentos foram registrados.
As autorizações foram organizadas por entidades como a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), que afirmou estar à disposição das autoridades.
O INSS, por sua vez, afirmou que suspendeu os acordos com essas entidades e que a devolução dos valores será avaliada por um grupo da Advocacia-Geral da União (AGU). Segundo a CGU e a PF, a autarquia falhou na proteção dos beneficiários mais vulneráveis, permitindo que o esquema se prolongasse por anos, com destaque para o período entre 2023 e 2024.