O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no Rio Grande do Norte nesta quarta-feira, 19 de março de 2025, para a inauguração da Barragem de Oiticica, em Jucurutu, na região do Seridó. A obra, vinculada ao Projeto de Integração do Rio São Francisco, foi entregue em uma cerimônia que reuniu autoridades e serviu de palco para discursos carregados de simbolismo e recados políticos. Lula desembarcou em Mossoró pela manhã e seguiu de helicóptero até o município, acompanhado da governadora Fátima Bezerra (PT) e dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).
No evento, Lula enfatizou o significado da barragem para o semiárido. “Essa obra é para garantir que o povo do interior tenha água, que é vida”, declarou, destacando que a entrega representa um compromisso com as regiões mais secas do país. Ele também fez questão de lembrar o histórico do projeto, iniciado em gestões petistas anteriores, e afirmou que “o Brasil só avança quando cuida de quem mais precisa”. O tom do discurso misturou promessas de desenvolvimento com uma defesa do legado de seu partido.
O ministro Rui Costa, por sua vez, trouxe uma crítica velada ao senador Rogério Marinho (PL-RN), sem mencioná-lo diretamente. “Alguém que participou do governo passado teve a cara de pau de ir para jornal, televisão e tribuna do Congresso dizer que o presidente Lula só entregou 8 ou 9% da obra, quando Lula e Dilma entregaram 78% dos recursos". A fala reforçou a disputa sobre a quem pertence o crédito pela conclusão da barragem.
Em sua fala, a governadora Fátima Bezerra apontou o simbolismo da data – Dia de São José, associado às chuvas no Nordeste – como um marco para a entrega. A cerimônia incluiu ainda o anúncio de uma nova adutora para o Agreste potiguar.
A barragem, planejada desde os anos 1950 e iniciada há mais de uma década, carrega uma trajetória de avanços, paralisações e controvérsias. A conclusão, celebrada pelo governo atual, não apaga os questionamentos sobre atrasos passados ou sobre como a obra será gerida daqui para frente. O reassentamento de comunidades, como a de Barra de Santana, também segue como ponto sensível, com promessas de melhorias ainda em andamento.
O evento terminou com aplausos da comitiva oficial, mas deixou no ar as disputas políticas e os desafios práticos que acompanham a barragem. A visita de Lula ao RN, assim, foi tanto uma entrega de infraestrutura quanto uma oportunidade para reforçar narrativas e responder a críticas, em um contexto onde a água continua sendo um tema central – e disputado – no sertão nordestino.