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Política

Mauro Cid afirma que Bolsonaro recebeu documento que previa anulação das eleições de 2022

Reprodução/Tv Justiça
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, abriu nesta segunda-feira (9) os interrogatórios no STF (Supremo Tribunal Federal) dos réus do chamado “núcleo 1″ de investigados por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Informações do R7.

Durante a sessão, Cid confirmou que, em novembro de 2022, depois de Bolsonaro ter perdido as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente recebeu a chamada minuta do golpe, um documento que previa a realização de um novo pleito.

Cid disse que Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações no documento, que previa a anulação das eleições de 2022. Segundo ele, Bolsonaro teria “enxugado” o texto original, retirando trechos que mencionavam a prisão de autoridades do Judiciário e do Legislativo.

“O presidente Jair Bolsonaro recebeu e leu esse documento. E fez algumas alterações no documento. De certa forma, enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões”, disse Cid.

A minuta, segundo Cid, previa ainda a criação de uma nova comissão eleitoral para organizar um novo pleito, mesmo após o resultado oficial que elegeu Lula. “Seria produzir uma nova eleição baseada numa eleição anulada”, afirmou.

Cid disse que não se aprofundou nos detalhes do conteúdo, mas confirmou que o texto fazia menção a ministros do Supremo Tribunal Federal e a presidentes do Senado e da Câmara. Esses nomes teriam sido retirados por Bolsonaro na tentativa de “suavizar” o decreto, mantendo, no entanto, o ataque direto a Moraes, que à época era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Aposta em fraude ou pressão popular

Segundo Cid, o ex-presidente estava convencido de que encontraria uma fraude nas eleições de 2022, o que não se confirmou. “Sempre se teve a ideia de que pudesse, até o final do mandato, aparecer uma fraude real nas urnas. Tanto que em todas as minhas mensagens, que foram abertas como parte da investigação, eu falo que não foi encontrada fraude, que tudo ficou no campo da estatística”, disse.

Mauro Cid relatou ainda que Bolsonaro não queria que os manifestantes deixassem as ruas após as eleições. “Ele não queria que o pessoal saísse das ruas”, afirmou, referindo-se aos acampamentos em frente aos quartéis. “A primeira hipótese era encontrar fraude nas eleições. A outra, por meio do povo radical, encontrar uma fórmula que permitisse reverter a situação.”

Ainda de acordo com Cid, em momento algum foi apresentada qualquer prova concreta de fraude nas urnas. “O que aparecia era só estatístico. Os dados eram tirados do TSE, trabalhados em computadores, para tentar achar alguma coisa que pudesse levar a uma forma [de contestação]. Mas não se conseguiu comprovar nada.”

Explicações sobre áudios vazados

Na audiência, Cid disse que estava em uma situação “devastadora” pessoal e emocional quando gravou áudios nos quais aparece criticando a própria delação premiada. Segundo ele, os trechos em que relata suposta pressão da Polícia Federal e do Supremo para incluir fatos que não seriam verdadeiros foram apenas desabafos com amigos — e não acusações formais.

“Foi um desabafo. Eu não lembro o quão difícil eu e minha família estávamos passando”, disse Cid. “Mensagens de áudio da minha filha sendo vazadas, matérias, esforços pessoais… Estava muito tensa [a situação]. Eu, dentro da minha carreira, desabando. Minha vida financeira, acabada. Isso gerou uma crise pessoal, psicológica muito grande.”

Segundo ele, naquele momento, havia incertezas sobre sua permanência no Exército e angústia sobre o futuro da família. “Inclusive a minha promoção naquele momento, se eu ia ser promovido ou não… Então, aquilo foi me fazendo mal. Então, eu estava fazendo mais um desabafo com um amigo — não sei qual. Não sei como esses áudios vieram parar na mão da mídia.”

Durante a audiência, Cid também foi questionado sobre a sequência de depoimentos que prestou à Polícia Federal. Ele afirmou que os quatro relatos prestados serviram principalmente para confirmar informações já levantadas pelos investigadores e para reconhecer pessoas, locais e fatos.

“Era mais para colaborar com o que a Polícia Federal já tinha levantado. Era um reconhecimento, dizer se eu sabia ou não daquele fato, ou se aquilo tinha acontecido naquele local. Então foi mais para confirmar tudo o que eu já tinha dito.”

Ele negou que tenha sido pressionado formalmente pelas autoridades a incluir fatos inverídicos na colaboração. Nos áudios que vazaram, no entanto, Cid fala em pressão por parte da PF e do STF. Agora, ele diz que as falas foram gravadas em um momento de forte desgaste emocional e sem intenção de questionar oficialmente a investigação ou a validade da delação.

Foto: Reprodução/Tv Justiça

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