O Ministério Público de São Paulo (MPSP) decidiu ampliar a investigação relacionada ao Corinthians e, além de apropriação indébita, irá apurar se foram cometidos os crimes de estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa na gestão do ex-presidente Duilio Monteiro Alves, entre 2021 e 2023.
Inicialmente, o Procedimento Investigatório Criminal (PIC) se restringia ao uso de cartões de crédito do clube por Duilio e pelo ex-presidente Andrés Sanchez. Agora, o MP também vai se debruçar sobre relatório de despesas da presidência de outubro de 2023, revelado pelo ge.
O órgão suspeita que o clube manteve relação com uma empresa de fachada, de modo a furtar ou desviar dinheiro. Trata-se do Oliveira Minimercado, que faturou R$ 32.580 em sete notas fiscais diferentes em nome do Corinthians entre os dias 18 e 31 de outubro.
O promotor Cassio Roberto Conserino, responsável pelo caso, esteve no endereço do minimercado e atestou que não há nenhum estabelecimento comercial no local.
O Ministério Público também vai investigar outras despesas que constam neste relatório do Corinthians e que indicam utilização de recursos do clube para fins pessoais.
Por ter assinado este documento, Denilson Grillo, ex-motorista de Duilio, passou a ser qualificado como investigado e deve ser ouvido pelos investigadores nos próximos dias.
O MP também recomendou ao Corinthians a "imediata instalação efetiva, autônoma e independente de mecanismos internos de controle, integridade, governança, prevenção de riscos, programas, políticas e código de boas condutas de compliance". O órgão diz se basear na entrevista coletiva dada na última sexta-feira por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube, na qual houve "a admissão pública sobre a ausência de completo regramento sobre a utilização do cartão corporativo", de acordo com o órgão.
A investigação foi iniciada na semana passada, e o MP já solicitou uma série de documentos e informações ao Corinthians. Nesta semana estão previstos depoimentos do presidente interino Osmar Stabile, do vice Armando Mendonça e do presidente do Conselho, Romeu Tuma Júnior, todos na condição de testemunhas.
Também está agendada uma oitiva de Roberto Gavioli, que foi gerente da área financeira com Andrés e Duilio e retornou ao clube neste ano, com Osmar Stabile. O promotor Cassio Conserino também quer ouvir o ex-diretor Matías Romano Ávila.
Outro lado
Veja nota da defesa de Andrés Sanchez:
"O Presidente Andrés teve as suas contas aprovadas e não esta preocupado com o procedimento instaurado. Os valores gastos no cartão corporativo foram todos justificados e as despesas de caráter pessoal foram integralmente reembolsadas ao clube. As denúncias são infundadas e tem por objetivo tumultuar a Assembleia Geral de ratificação do impeachment do presidente Augusto Melo. Temos certeza que o Ministério Público vai arquivar o caso assim que o promotor de justiça tiver contato com as provas".
Veja nota de Duilio Monteiro Alves:
"Entendo ser muito oportuna e salutar a notícia sobre abertura de investigação pelo Ministerio Público, destinada à coleta de informações sobre despesas pessoais nas gestões anteriores do Corinthians, dentre as quais a minha, nos anos de 2021 a 2023.
Vale ressaltar que fui o primeiro a pedir acesso aos documentos para prestar esclarecimentos, bem como para as devidas apurações e responsabilizações.
Ingressei com representações para que tudo seja apurado tanto no Conselho Deliberativo do Corinthians via oficio, quanto por meio de apresentação de notícia-crime na delegacia do DRADE.
Reitero meu compromisso com a transparência, a ética e o respeito às instituições, e sigo à disposição do clube e das autoridades, confiando plenamente no trabalho do Ministério Público, certo de que os fatos serão devidamente esclarecidos".