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Cidades

[VIDEO] Praia de Natal vira destaque nacional por acumular lixo da China, Emirados Árabes, África e até Coreia do Sul

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Uma praia localizada na Via Costeira foi destaque nacional em uma reportagem da BBC, por um motivo bem inesperado: ela está sendo apontada como um "cemitério" de lixo asiático. O assunto foi destaque no Jornal das 6. Nesta segunda-feira (10), por sinal, Jorge Fernandes, da própria 96 FM, foi ao local e também encontrou lixos não só da Ásia, mas da África e dos Emirados Árabes também.  

A matéria da BBC afirma o seguinte: 

"Em uma caminhada de poucos minutos pela praia em dezembro, a reportagem da BBC News Brasil encontrou dezenas de embalagens de produtos fabricados em países como China, Indonésia, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Coreia do Sul. Os itens mais comuns eram garrafas de bebidas não alcoólicas, produtos de limpeza e recipientes de óleo de motor.

Quase todas as embalagens eram de plástico, mas também havia algumas de lata, como um removedor de tinta. A maioria dos itens foi produzida em anos recentes e tinha as embalagens quase intactas. Ladeada por imensas dunas, a praia do Segredo fica em uma região central de Natal, mas é menos frequentada do que outras praias mais urbanizadas da capital potiguar, como a de Ponta Negra.

Em alguns trechos, ela lembra uma praia deserta. No entardecer de uma terça-feira, embalagens com cores vivas se destacavam na praia em meio à areia clara e à vegetação de restinga. Não havia apenas itens asiáticos entre as embalagens — também foram achados produtos fabricados no Brasil, nos Estados Unidos e em países africanos. Mas, entre as embalagens em melhor estado — e que permitiam a identificação de sua origem —, as de produtos asiáticos eram a maioria, com folga.

Em julho de 2024, um estudo feito pela empresa de celulose Verocel também detectou uma grande quantidade de lixo estrangeiro em praias do município de Belmonte, no sul da Bahia. Na ocasião, foram retirados 140 kg de lixo plástico das areias em cinco semanas. 'A análise dos resíduos revelou uma predominância de garrafas plásticas provenientes da Ásia', aponta o estudo. Mas como produtos fabricados em países do outro lado do mundo foram parar em praias brasileiras?

Para Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em poluição marinha, a hipótese mais provável é o descarte de lixo por navios. Segundo o Banco Mundial, o transporte marítimo responde por cerca de 90% do comércio global, e a Ásia abriga 20 dos 30 portos mais movimentados do mundo. O tráfego de navios entre o Brasil e a Ásia é intenso: o Brasil compra muitos produtos industrializados de países asiáticos e vende uma grande quantidade de matérias-primas.

"Esses navios transportam pessoas, e essas pessoas consomem produtos que muitas vezes são jogados no mar", diz Turra. "E aí vem tudo o que estava na embarcação e que foi comprado no porto de origem, que pode ser em Singapura, Vietnã, China… onde for." O lixo costuma ser descartado perto dos portos onde os navios vão atracar e chega às praias levado por correntes marítimas, diz o pesquisador. Segundo Turra, o descarte de lixo por navios estrangeiros afeta grande parte do litoral brasileiro, mas é mais visível em praias remotas ou que não são limpas com frequência.

Municípios de regiões portuárias também são mais vulneráveis — é o caso de Natal, que abriga um dos principais portos do Nordeste."

Segundo a reportagem, no Brasil, a missão de combater a poluição em praias e águas costeiras cabe a diferentes órgãos de governo. O órgão responsável por definir diretrizes sobre taxas e tarifas em portos é a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), ao passo que a regulação do setor portuário está a cargo do Ministério de Portos e Aeroportos.

A Antaq não respondeu aos questionamentos da BBC. Já o ministério disse que os portos brasileiros seguem "as melhores práticas globais" sobre gestão do lixo. Questionado sobre a proposta de estabelecimento de uma taxa fixa para o descarte de lixo por navios, o ministério disse que as normas atuais sobre tarifas seguem "critérios técnicos e econômicos", mas que mantém "diálogo com agentes do setor para identificar oportunidades de aprimoramento dentro do marco regulatório existente".

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é o órgão federal responsável pela proteção ambiental em praias e zonas costeiras. O Ibama não respondeu à BBC se adota medidas contra o descarte de lixo por navios, mas disse que "a competência para efetuar a limpeza rotineira das praias é municipal".

 

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