Por Marcus Arboés
O América voltou a vencer nesse fim de semana, mas não só isso, venceu e convenceu. O treinador João Brigatti fez mudanças no time, não só nas peças, mas nas funções dos jogadores de ataque, e isso influenciou em um bom jogo. Confira a análise tática explicando tudo:
Foto: Canindé Pereira / América FC
Desde a saída de Renatinho Potiguar, o América parou de jogar com dois jogadores com características de centroavante, num 4-4-2. Com Leandro Sena, voltou a jogar em um 4-3-3, tendo Thiaguinho e William Marcílio abertos e um sistema com três jogadores pelo meio. João Brigatti chegou e não mudou o esquema do time, mas testou jogadores e funções diferentes no América. Felipinho, Frank, Cristiano... vários jogadores ganharam oportunidade, mas o time não rendeu tanto.
Como o América atacava?
No antigo 4-3-3, Wallace Pernambucano era a referência na área, enquanto os pontas, William Marcílio e Elvinho, traziam o jogo para o centro e abriam espaços que eram atacados pelos meias Allef e Rodrigo. Os laterais não subiam muito e a ideia geral era ter aproximação pelo meio, criando superioridade em curto espaço. O esquema era esse, mas as funções variavam, dependendo de quem estivesse em campo.
Wermerson e Frank eram pontas mais "verticais", que levavam a jogada para a linha de fundo e usavam a velocidade. Elvinho e William Marcílio, usando mais o drible para dentro, e a aproximação. Já no meio, Araújo, Allef e Rodrigo fizeram função de atacar espaços criados no meio, enquanto Téssio servia como meia de ligação, dando passes mais longos e, nessa posição, Elvinho e Felipinho foram armadores que conduzem mais a bola de um espaço ao outro, de jogo curto.
O desempenho foi bom em poucos momentos da Série D. O América tinha dificuldade de criar chances de gol, então começou a surgir a oportunidade de jogar com mais um atacante de referência, que vinha entrando bem: Zé Eduardo.
O que mudou no 3 a 0 contra o Icasa?
A primeira mudança é do comportamento dos laterais. O gol do América no empate fora saiu de um momento em que Rodrigo, como lateral, foi até a linha de fundo. Muita gente pediu isso ao América, mas lá atrás, ter os laterais mais contidos, sem atacar muito, ajudou o alvirrubro a ter uma defesa bem consistente. Mas numa situação complicada, era importante ter mais volume de ataque, então Rodrigo e Felipe Cruz tinham liberdade para ir mais à frente.
Para não mudar tanto, João Brigatti manteve a estrutura com três jogadores no meios. Allef foi mais ofensivo, as vezes aparecia pela meia direita e até subia como elemento surpresa. Araújo ajudava na ligação. No ataque, Zé Eduardo saía mais da área, até caía pelo lado direito do ataque, mas fazia referência na área. Wallace Pernambucano era o jogador mais centralizado e se aproximava mais do lado esquerdo como opção. Elvinho foi a chave do ataque, não jogou como ponta, mas sim como um meia armador, tendo liberdade para se movimentar por qualquer parte do campo, principalmente pelo lado esquerdo.
Essa dinâmica fez o América ter um jogo bem concentrado pelo meio, mas com as passagens dos laterais contribuíndo bastante para as jogadas acontecerem. Foi uma partida com muita liberdade e movimentação, principalmente dos meias. Resta ver agora se o time consegue manter o desempenho fora de casa, pois vai precisar buscar pontas.