Emerson Leão criticou a atual geração de treinadores brasileiros e comentou a chegada de Carlo Ancelotti ao comando da Seleção.
Durante entrevista ao CNN Esportes S/A deste domingo (19), o ex-goleiro e técnico afirmou que “não tem nada contra o treinador italiano”, mas disse estar “decepcionado com a nova geração de técnicos”.
Sobre o desempenho recente da Seleção sob o comando de Ancelotti, Leão destacou oscilações.
“Um amistoso foi muito bem, o outro já veio uma decepção seguida. E ele ali no banco querendo se comunicar com dificuldades”, avaliou.
O ex-goleiro acredita que o treinador italiano precisará de tempo e imersão no ambiente da Seleção.
"Acho que ele vai ter que viver muito mais tempo de concentração, como nós vivíamos na época lá de trás, que nós fomos campeões. A gente passava dois, três meses concentrado, todo mundo junto com um objetivo final para conquistar, e conquistávamos. E aqueles que estavam em dúvida se eram muito bons jogadores, acabavam no final dos treinamentos para a Copa, sabendo que eram bons. Então, o trabalho dele vai ser muito penoso, muito difícil e agora vamos ver se ele vai ter essa aceitação sem derrota", disse Emerson Leão.
O ex-técnico concluiu dizendo que o sucesso de Ancelotti dependerá da colaboração de todos que trabalham com ele no Brasil.
“Acho que ele vai ter muita, não é pouca não, muita dificuldade. E todos que trabalham com ele — brasileiros, sendo atletas, dirigentes, treinadores, auxiliares, jogadores — têm que colaborar. Porque esse processo vai ficar cada vez pior”, afirmou.
Da Europa para o Brasil
Questionado se o fato de Ancelotti ser estrangeiro poderia facilitar o trabalho com atletas que jogam na Europa, Leão discordou.
“Eu acho que não ajuda muito, não. Porque hoje, com os meios de comunicação, se assiste todos os jogos que você quiser de todas as semanas e tira um parecer individual de cada atleta. Agora, essa pouca gente, poucas vezes. Por que que ele não convocou muita gente jogando no Brasil? Porque ele não conhece muito não”, opinou.
Leão também comparou os desafios de comandar um clube europeu e a Seleção Brasileira.
“Ah, o Real Madrid é um clube. Você é o dono dela, do clube, responsável por ele. Seleção, você tem uma nação inteira contra você ou a favor de você. Então, muito mais difícil seleção, porque lá joga-se contra os clubes”, ressaltou.
História juntos
Leão ressaltou que a opinião sobre o italiano não é pessoal e que, inclusive, chegou a jogar com o mister.
“Quero que você preste bem atenção naquilo que eu vou falar. Eu não tenho nada contra o Ancelotti, né? Joguei contra ele algumas vezes na seleção italiana. A última vez que eu joguei contra ele, até fez o gol em mim, mas nós ganhamos 4 a 1, fomos campeões do torneio”, contou.
Para o ex-goleiro, na época, Ancelotti era um bom volante, como Casemiro ou Dunga.