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Política

Lula e Trump: reuniões secretas entre autoridades americanas e brasileiras ‘selaram’ encontro na ONU

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Foto: Mark Garten/ONU

Os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump mantiveram contatos secretos e realizaram reuniões de trabalho prévias ao primeiro encontro presencial entre os presidentes na Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), na manhã de terça-feira, dia 23, em Nova York.

Essas interações, sigilosas até agora, envolveram autoridades de alto escalão dos governos brasileiro e americano. Os emissários agiram com aval dos presidentes Lula e Trump e mantiveram canais abertos para indicar a “boa disposição” de ambos a um possível encontro que se concretizaria nos bastidores da ONU.

O encontro, portanto, não foi “sem querer” como fizeram crer os dois governos, que agiram nos bastidores muito antes da Assembleia-Geral da ONU para pavimentar o caminho da conversa entre os dois. Até o último minuto pairou a incerteza se aconteceria, mas a interação estava o tempo todo no horizonte das autoridades.

A operação diplomática envolveu, sobretudo, quatro autoridades políticas. O vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, conversou por videoconferência com o embaixador Jamieson Greer, representante comercial dos Estados Unidos (USTR), em 11 de setembro.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, recebeu no Brasil, em 15 de setembro, uma visita de Richard Grenell, enviado especial para missões especiais – coube a ele dialogar e selar acordos em Caracas com a ditadura venezuelana de Nicolás Maduro.

Não houve documentos divulgados, notas oficias, nem registros públicos em agendas das autoridades de nenhum de Brasil e EUA. Tampouco fotos. Os dois lados tomaram cautela e agiram com discrição para evitar que agentes contrários ao estreitamento de laços implodissem a operação. Procurados, Itamaraty e Ministério da Indústria não comentaram, e Representante Comercial dos Estados Unidos e Casa Branca não responderam

O Estadão agora reconstitui com exclusividade detalhes dessas reuniões, que se adensaram nos últimos quinze dias, com base em documentos e relatos de autoridades de governo com conhecimento e participação direta nas tratativas. Elas falaram sob condição de anonimato.

As conversas entre representantes dos dois países passaram a ser sabotados por bolsonaristas liderados nos EUA pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, junto a representantes do movimento MAGA (Make America Great Again). Por isso autoridades públicas e privadas procuram operar nos bastidores.

A “química” entre Lula e Trump não “pintou” ao acaso, tampouco tão espontânea quanto as versões públicas de Trump e Lula parecem fazer crer, ao circularem a versão de “surpresa”.

Na manhã de terça-feira, horas antes da conversa entre Lula e Trump, o Estadão ouviu de um diplomata que eles dividiriam a mesma sala reservada a chefes de Estado e que os cerimoniais não haviam tomado qualquer medida para evitar o encontro. Pelo contrário.

Trump chegou mais cedo, assistiu ao discurso de Lula e deixou-se fotografar pela equipe da ONU com os olhos na TV, enquanto o petista reagia em defesa da soberania nacional.

Lula, por sua vez, manteve a rota que levava à sala para “buscar suas papeletas com anotações”, em vez de sair direto para o plenário do Debate Geral, o que era uma opção. Nenhum dos dois criou obstáculos para que não se cruzassem na sala.

Estadão

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