A Procuradoria-Geral da República classificou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), como uma das peças centrais na engrenagem da tentativa de golpe de Estado articulada após as eleições de 2022. A notícia é do O Antagonista.
Em alegações finais entregues ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta segunda-feira, 14, a PGR afirma que Cid teve papel estratégico e operacional na organização criminosa que tentou impedir a posse de Lula.
Segundo a denúncia, Cid atuou como elo direto entre Bolsonaro e os demais integrantes da trama. Ele é apontado como responsável por organizar reuniões, transportar e compartilhar documentos golpistas, manter comunicação com militares e civis envolvidos no plano e preservar conteúdos comprometedores em seu celular, que se tornaram peça-chave nas investigações.
“Sua atuação foi fundamental para viabilizar, de forma prática, os objetivos delineados pela organização criminosa”, disse Gonet.
“MAURO CID participou de disseminação de desinformação sobre o sistema eletrônico de votação e coordenou reuniões com oficiais militares de alta patente e civis com vistas a articular um golpe de Estado. Integrou a elaboração de estratégias de ruptura institucional com o emprego das Forças Armadas – inclusive em uma articulação com oficiais do Exército para pressionar o então Comandante, General Freire Gomes, a aderir ao golpe –, e promovia a interlocução entre Governo de JAIR MESSIAS BOLSONARO e os financiadores das manifestações antidemocráticas”, descreve Gonet.
“O réu, portanto, não era mero executor ou subordinado administrativo, mas um agente dotado de autonomia operacional e confiança plena por parte do Presidente, com papel determinante na viabilização dos crimes narrados na denúncia, tendo contribuído de forma efetiva para a consolidação e funcionamento da organização criminosa”, complementa o procurador-geral da República.
Entre os materiais apontados como elementos de prova está a minuta de um decreto que previa a prisão de ministros do STF e do TSE e a realização de uma nova eleição presidencial — medida que seria adotada após um eventual golpe militar. A PGR também identificou registros de mensagens, áudios e anotações que demonstram a participação ativa de Cid na logística e na articulação do plano golpista.
“Sobressaem, em especial, os laudos periciais e as informações policiais produzidas a partir dos dados encontrados em seus aparelhos eletrônicos apreendidos, de onde constam diversos registros do envolvimento do réu em parte substancial das empreitadas da organização criminosa. Com a derrota eleitoral, MAURO CID escrevia em mensagens privadas que ‘a guerra não acabou’. Falava em ‘ponto de honra’ para o Exército e prometia ‘reversão do jogo’”, aponta a PGR.