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Brasil

Mulher descobre por carta que noivo fugiu para ficar com seu melhor amigo

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A matéria é da Marie Claire:

"Desde pequena, sonho em me casar. Desde os 15 anos, idade em que comecei a trabalhar, imagino cada detalhe desse momento.

À espera do meu final feliz, precisei me reinventar algumas vezes. Já fui balconista, fotógrafa, faxineira, cabeleireira, maquiadora... Mas, no fundo, o que realmente faz meus olhos brilharem são os animais. Minha paixão pela vida no campo orienta as minhas escolhas, inclusive quando o assunto é relacionamento. Um homem sujo de terra, suado, com aquele ar de quem passou o dia inteiro lidando com o gado chama a minha atenção. Encontrei um com esse perfil durante uma competição de vaquejada. Ele era tudo o que idealizei. Não bonito no sentido clássico, ele trabalhava em um haras alimentando, limpando e domando animais. Ganhava pouco, mas era considerado um dos melhores no que fazia.

Nessa época, meu melhor amigo já fazia parte da minha vida. Nossas famílias eram próximas e, não à toa, nos conhecíamos desde a infância. Na vida adulta, nos tornamos inseparáveis. A confiança era tanta que eu tatuei o nome dele no meu braço como presente de aniversário. Por isso, quando comecei a namorar, foi natural incluir o meu confidente na relação, tanto nos detalhes, como na nossa programação como casal.

Depois de três anos, fiquei noiva. Eu já trabalhava como fotógrafa profissional e tinha três estúdios completos, com móveis, equipamentos e todo o resultado de dez anos de dedicação. Mas decidi abrir mão de tudo. Vendi cada peça e juntei R$ 50 mil para pagar a maior parte das despesas do casamento à vista. Meu noivo trabalhava muito e, apesar de receber pouco, colocava tudo o que tinha na cerimônia. Para mim, aquele relacionamento era algo definitivo e valeria cada centavo investido. Tanto que, quando minha mãe sugeriu que era mais sensato usar o dinheiro para um apartamento, nem hesitei em recusar.

O casamento seria um espetáculo. Uma festa de três dias para 350 convidados e 45 casais de padrinhos. O tapete da entrada seria feito de couro de boi, as alianças chegariam em um potro, haveria três touros mecânicos, berranteiros profissionais e bandas de sanfoneiros vindas de outras cidades.

Nossa vida como casal estava pronta. Tínhamos alugado uma casa e começado a mobiliá-la. Com tantos padrinhos, ganhamos presentes como geladeira, cama e outros itens do enxoval. Até que, meses antes do casamento, meu noivo desapareceu.

Nunca fomos daqueles casais que trocam mensagens o dia todo; costumávamos falar apenas de manhã e à noite. Por isso, no começo, não me preocupei. Dois dias depois, o silêncio continuava. Decidi, então, ir até a nossa futura casa para procurá-lo. Ao chegar, notei um envelope fixado na porta. Abri e, assim que comecei a ler, senti o corpo inteiro tremer.

‘Larissa, quando você receber esta carta, eu já não estarei mais na cidade. Foi difícil tomar a decisão de te deixar, assumir quem sou e viver o meu grande amor. Sei que você pode não entender nada agora e talvez nunca mais me perdoe… Queria ter conseguido contar olhando nos seus olhos: me apaixonei pelo seu melhor amigo desde o primeiro dia em que o vi. Meu coração bateu mais forte e ele não saiu dos meus pensamentos nenhum dia. Juro, Larissa, que me senti o pior homem do mundo ao ver você planejando o sonho da nossa vida enquanto meu amor pelo nosso padrinho só crescia. Conversamos todos os dias tentando achar uma forma de te contar, mas não encontramos. Por isso achei que o melhor era largar tudo e ir embora. Você pode não acreditar, mas te amei de verdade. Obrigado pelo tempo que passei ao seu lado… Sei que depois de ler esta carta você vai chorar com os animais. Seu amigo disse que você é forte, e nós desejamos que você seja feliz. Não poderia me casar com você amando outra pessoa; não te faria feliz. Eu amo nosso padrinho e não você. Espero que um dia você possa me perdoar.’

Nenhum dos dois teve coragem de me encarar para terminar. E, para piorar, a carta não foi escrita à mão, mas impressa. Meu noivo não sabia nem ligar o computador, ou seja, meu melhor amigo e padrinho de casamento redigiu cada palavra.

O golpe veio no final da própria carta. Fui afrontada, como se quem escrevesse estivesse tentando me fazer sentir inveja do amor que perdi. Percebi que partilhei a minha vida com uma pessoa que, na primeira oportunidade, usou as minhas vulnerabilidades contra mim, sem que eu desconfiasse de nada.

Por mais irônico que pareça, nunca houve indício de algo além da amizade entre os dois. Nada de olhares atravessados. Meu noivo era reservado, mas carinhoso; nosso relacionamento era intenso e cheio de planos. Nunca passou pela minha cabeça que houvesse traição. Nossa vida sexual era ativa e ele foi, sem dúvida, o melhor parceiro que eu já tive.

Justamente por isso, não acreditei no primeiro momento. Só caiu a ficha quando fui às casas dos dois e abri os guarda-roupas. Estavam vazios. A partir desse momento, é tudo um branco. Dirigi até a minha casa, entrei no meu quarto e destruí tudo o que era possível. Quebrei o guarda-roupa, os computadores… O quarto inteiro ficou irreconhecível. Só lembro de acordar em um hospital, sem lembrar como cheguei lá. Foram dias difíceis de cama, sem apetite, vontade de tomar banho, levantar ou falar, além de estar anestesiada pelos remédios. Passei a fazer acompanhamento psicológico três vezes por semana e, aos poucos, me acostumei à medicação. Como se não bastasse, meu cabelo começou a cair. Mechas inteiras na minha mão. Duas semanas após eu receber a carta, já tinha perdido cerca de 70% dos fios. O diagnóstico foi claro: alopecia. Meu cabelo sempre foi o centro da minha autoestima, era cheio e passava da cintura; hoje está ralo. Meu noivo brincava que se eu cortasse ele ‘me largaria’ e lembrar disso torna a situação ainda mais dolorosa.

Precisei encerrar contratos, pagar multas e, sozinha, avisar as 350 pessoas sobre a situação.

Meu celular não parava de tocar; eram dezenas de mensagens perguntando o que tinha acontecido. Foi nesse momento que decidi postar um vídeo no TikTok. Gravei as caixas dos padrinhos e coloquei a música ‘Evento Cancelado’, do Henrique e Juliano. Só nessa publicação, ganhei mais de 7 milhões de visualizações.

Desse ponto em diante, passei a contar a minha história e até me dei um apelido: ‘Corna Mimosa’. Corna porque fui traída e mimosa porque é como chamam as vacas mansas. Achei que combinava comigo.

Tudo poderia ter sido diferente se eles tivessem tido coragem. Claro que eu ficaria devastada, mas eles não me deixariam sem nada além de uma carta, os prejuízos e a vergonha. Ainda assim, quando olho para a tatuagem com o nome do meu melhor amigo, não sinto só raiva. Afinal, é tudo muito recente. Eu ia me casar em 1º de novembro. Perdi duas pessoas que eu amava e que estavam ao meu lado. Busco não colocar todos os homens ou pessoas LGBTQIAP+ na mesma caixinha; o que aconteceu comigo foi uma questão de caráter, não de identidade.

Ultimamente, tenho me apoiado nas minhas amigas, em Deus, na terapia e, principalmente, na minha mãe. E, acima de tudo, meu refúgio tem sido o trabalho e os estudos. Transformei isso em estratégia: manter a mente ocupada é a forma mais eficaz de não sentir falta de alguém. E, sinceramente, essa situação não me fez desacreditar no amor. Se surgir alguém interessante, não vou hesitar. Caso não dê certo, tudo bem. Não é porque uma história terminou mal que todas as outras também vão."

 

 

 

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