O presidente da Rússia, Vladimir Putin, aceitou um cessar-fogo temporário com a Ucrânia em conversa por telefone com o americano Donald Trump. O russo não concordou com uma trégua total de 30 dias, como havia sido proposto e já aceito por Kiev, mas a suspensão dos ataques mútuos contra infraestrutura e rede energética.
A noticia é do portal R7. Os líderes conversaram por ao menos 90 minutos ao telefone nesta terça (18), mas Putin manteve a posição de que aceita a trégua se os termos que pretende ver contemplados num acordo de paz já estiveram à mesa.
Antes, só houve uma tentativa de trégua na guerra. Em janeiro de 2023, o Kremlin havia observado parcialmente uma paralisação de um dia e meio para a celebração do Nat al ortodoxo, que não foi seguida nem por Kiev, nem por seus mercenários.
Os russos já destruíram mais de 2/3 da capacidade de produção energética do vizinho na guerra, além de dominar sua principal usina nuclear, em Zaporíjia (sul). Já os ataques com drones ucranianos têm causado disrupção na produção de petróleo no sul russo, como o incêndio na megarefinaria de Tuapse mostrou na semana passada.
Um “sim” completo de Putin poderia ter coroado um processo que Trump disparou ao voltar ao poder, mas o russo buscou colocar em seu próprio ritmo, levando a críticas de adversários de que ele não tem interesse na paz.
Após contatos desordenados com o Kremlin, o presidente decidiu ligar para o russo e combinar uma negociação bilateral. Alienou Zelenski, chamado de ditador e humilhado na Casa Branca, e deixou os os europeus de lado.
Há vários temas que Putin quer ver discutidos antes de calar canhões de vez. Ele não quer nenhuma garantia de segurança ocidental para Kiev, como a força de paz europeia sugerida por Trump e Zelenski.
Seja como for, pressionado, o longevo chefe do Kremlin passou a questionar a trégua, exigindo o início de um acordo de paz em seus termos.
Pelo que transpareceu até aqui, o americano está de acordo com a cessão de todo o território já dominado pela Rússia na Ucrânia, cerca de 20% do país, contando aí os 4,5% da península da Crimeia.
Em troca, ele deve ganhar a promessa de uma revisão do status das áreas no futuro, mas isso é incerto, e não irá reconhecer oficialmente a perda –assim como no caso da Crimeia, uma vez que seja fato consumado, a tendência da comunidade internacional é manter o protesto, mas deixar o tema de lado.
Se a usina voltará a funcionar, fornecendo energia para os dois lados, é uma incógnita a essa altura. Há diversos outros itens em debate, como reparações usando ou não o lucros em juros dos US$ 300 bilhões em reservas russas no exterior ou o fundo comum da exploração conjunta dos minerais estratégicos da Ucrânia proposto por Trump.