Um trisal de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, conseguiu registrar a filha de 13 anos, Isabela, com os nomes do pai, Marcel Mira, e das duas mães, Priscila Machado e Regiane Gabarra. A inclusão do nome de Regiane foi um desejo antigo da adolescente, que escreveu uma carta explicando o vínculo com a “Tia Rê”, como a chama carinhosamente.
O processo foi iniciado no cartório após o envio da documentação e, segundo Priscila, mãe biológica de Isabela, tudo correu de forma tranquila. “A alegria da Isabela quando ela viu que a certidão veio com o sobrenome da Rê... ela ficou superfeliz”, contou.
Regiane entrou na vida da família em 2018, após um encontro com o casal Priscila e Marcel, casados desde 2005. Desde então, os três criam juntos os quatro filhos da casa: Isabela, Pierre (filho biológico de Marcel e Regiane), uma jovem prestes a completar 18 anos, e um rapaz de 21, que é irmão biológico de Regiane, mas criado por ela como filho.
O filho mais novo, Pierre, fruto de fertilização in vitro, já havia sido registrado com os nomes dos três pais após decisão judicial em 2023. Priscila não participou da gestação, mas esteve envolvida em todo o planejamento: “Eu sinto que o Pierre é meu filho desde a primeira consulta. O sentimento e o afeto sempre existiram”.
O reconhecimento oficial foi comemorado pelo trisal como uma grande vitória contra preconceitos. “Toda decisão que a gente toma é a três”, afirmou Marcel. Já Regiane reforçou que a maternidade vai além da biologia: “Ser mãe é um sentimento que atravessa o corpo, ele vai na alma”.
A filha mais velha, Sara, optou por não alterar a certidão, mas mantém relação de afeto com Regiane, a quem também considera mãe.
A história do trisal evidencia os avanços na luta por reconhecimento de modelos familiares diversos e mostra como o amor e a convivência podem formar laços tão legítimos quanto os de sangue.
