Análise: ABC precisará adaptar estilo de jogo para encaixar na linha do novo treinador

22 de Março 2022 - 17h21

Por Marcus Arboés

O ABC anunciou ontem a contratação do treinador Fernando Marchiori, que estava no Oeste-SP e disputou a Série D do ano passado com a Portuguesa. As ideias de jogo do novo técnico são muito diferentes das de Moacir Junior, praticadas por um ano inteiro. O time precisava de mudanças, mas até que ponto elas são necessárias?

Analisando partidas das últimas duas equipes comandadas por Marchiori, dá para observar um padrão de como ele faz seu time jogar. Como é um estilo bem diferente do anterior, acaba não casando com as características de parte do elenco alvinegro. Isso vai exigir uma grande adaptação para que o time jogue bem, seja dos jogadores ou do treinador.

A principal diferença é no jeito de atacar. O ABC montou um elenco com jogadores que jogam bem quando estão próximos uns dos outros, para atrair a marcação do adversário com muita movimentação e trocas de posição. Basta ver as melhores jogadas criadas por Wallyson, Allan Dias e Kelvin. Eles juntos, jogando mais pelo centro, atraem a marcação para que as laterais sejam usadas por Felipinho ou Fábio Lima.

Já nas equipes do novo comandante, os pontas ficam bem abertos nas beiradas do campo e formam praticamente uma linha de cinco jogadores no ataque, com o objetivo de abrir espaços na marcação adversária. Nesse tipo de ataque, os atletas precisam ocupar suas zonas do campo e as aproximações pelo meio ficam mais difíceis de acontecer.

Os pontas do ABC, contratados para jogar com Moacir Junior, são atacantes mais criativos, com bom passe, visão de jogo e finalização. O estilo de Fernando Marchiori pede pontas velozes, bons de cruzamento e de 1 contra 1.

Claro que não dá para dizer que não vai dar certo, afinal, o time pode se adaptar a esse estilo e jogar bem. Só que exigirá tempo, pois os estímulos a serem treinados mudam. Não se muda só o jeito de jogar, mas todo um sistema de treinamento. A outra opção é o treinador se adaptar às características dos melhores joadores do ABC e ao que já vem sendo feito, mas isso também precisa de tempo.

Fora isso, há um ponto positivo que pode "solucionar" um problema. O ABC de Moacir Junior falhava muito na recomposição, deixando as alas expostas quando atacava. Quando o Oeste e a Portuguesa de Marchiori perdiam a posse da bola, rapidamente pressionavam o adversário com a bola, ou para parar a jogada ou para forçar o adversário a se livrar da bola, mas isso vai exigir boa preparação física.

Resta saber, com o dia a dia de trabalho, quem vai se adaptar, o treinador ou o elenco. Independente disso, é importante lembrar que o ABC vai precisar de tempo.

Foto: Dorival Rosa/Portuguesa

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