Análise: saiba como joga o Ferroviário/CE, adversário do ABC na estreia da Série C

16 de Abril 2022 - 14h48

Por Marcus Arboés

O ABC estreia hoje contra o Ferroviário, do Ceará, fora de casa, pela série C do Campeonato Brasileiro. A partida começa às 17h, com transmissão da 96fm.

A equipe alvinegra encontrará um adversário que já estreou na competição, em derrota por 2 a 1 para o Mirassol, mas que pode ser difícil de enfrentar. O Ferroviário conta com um novo treinador, Roberto Fonseca, que mudou um pouco o estilo de jogo do time. Com Paulinho Kobayashi, o Ferrão fez um bom estadual, eliminado nas semifinais para o Fortaleza, jogando num 4-3-3.

Só há um jogo para avaliar as primeiras ideias de Roberto Fonseca no comando do time, que foi a derrota contra o Mirassol na primeira rodada. Vamos lá:

O time se organizou num 4-4-2, fazendo uma marcação por zona pressionante, onde cada jogador defendia um espaço, mas sempre fazendo pressão no adversário que estivesse com a bola. Isso fez com que o Mirassol tivesse dificuldades para encontrar espaços e já é um ponto para Marchiori levar em consideração, porque o estilo de jogo do Mirassol é bem parecido com o do ABC. Joga num 4-2-4, onde os pontas ficam bem abertos para atrair a defesa para um lado do campo e criar espaço em outro, com passes mais de lado e um ritmo mais pausado.

Apesar de ter uma bola parada ofensiva bem treinada, desde o estadual, o Ferrão se defendia bem, mas tinha dificuldades de sair num contra-ataque, porque os pontas, Dudu e Clisman, desciam muito para marcar e não conseguiam acompanhar a transição.

No segundo tempo, com o jogo em 1 a 1, a proposta de se fedender ficou um pouco diferente. O Mirassol tentou usar melhor os jogadores bem abertos para abrir espaços, com mais jogadores no meio. Vez ou outra, Valderrama fechava com os volantes para defender, fosse num 4-1-4-1 ou num 4-4-2. Isso também mudou a maneira como o time contra-atacava. Dudu e Clisman ficaram menos sobrecarregados e Valderrama vinha ajudar, junto com Emerson Souza, a ligação para o ataque.

Quando tinha mais a bola, o time de Roberto Fonseca atacava mais "posicional", como o ABC faz, usando os pontas bem abertos e passes mais de lado, com cada jogador no seu espaço do campo para fazer a bola rodar até achar um espaço, geralmente pelos lados. Para ajudar nisso, Valderrama, que é usado pelo treinador como um atacante, se movimenta bastante do lado esquerdo. Os volantes apoiam pelos lados no ataque.

Nesse ponto, o time não pareceu tão entrosado e teve dificuldade de achar espaços, mas ainda assim, é preciso se preocupar com o centroavante Édson Cariús, que fez 10 gols em 16 jogos no estadual. Ele toca pouco na bola durante o jogo, mas o forte dele é o posicionamento, a boa finalização e um perigosíssimo jogo aéreo.

Foto: Lenilson Santos

O que pode ser mais difícil e mais proveitoso para o ABC?

Marchiori precisou colocar o time para defender com 5 atrás nos últimos jogos, mas o ataque do adversário não tem tanta movimentação e pode facilitar mais a marcação, sem abrir mão de ter mais jogadores do meio para a frente. A recomposição do ABC também é boa, fazendo uma boa pressão quando perde a bola, isso pode ser um bônus, caso eles tenham dificuldade na hora de contra-atacar.

Ainda assim, o ABC precisa se preocupar com a maneira como chega ao ataque. Num 4-2-4, com o jeito de atacar parecido, o Mirassol não conseguiu achar espaços direito no jogo, fez um gol de pênalti e outro de falta. Talvez, ter 5 jogadores na última linha de ataque já seja de grande ajuda. Por exemplo: se atacar num 2-3-5, com Raphael, Thallyson e Varão no meio e, mais na frente, os dois laterais abertos e Fábio Lima e Kelvin jogando como pontas por dentro, próximos de Jefinho, pode ser uma boa alternativa para achar espaços na sólida defesa do Ferrão.

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