Por Mallyk Nagib
A notícia de que o América está costurando uma SAF para tocar o futebol caiu como uma bomba na última terça (04). De lá para cá, muito movimento, especulação e sonho de que o Alvirrubro enfim dê uma guinada de rumo.
Fiz um levantamento prévio em contato com vários conselheiros, ex-presidentes e atuais gestores do América. Trago também mais detalhes sobre as duas empresas de investimentos de capital que estão no negócio.
Nesse primeiro momento, vendo de longe e com as informações iniciais que o clube anunciou, é um baita negócio. O futuro no futebol se caminha para isso, mas a palavra de ordem é cautela. Aqui eu vou tentar me pegar nos detalhes soltos ou que ainda são foram expostos, principalmente sobre os personagens envolvidos nesse grupo de investidores.
QUEM SÃO OS GESTORES?
Começar afirmando logo de cara: a XP Investimentos tem o peso da marca no mercado de ativos, mas entra com a receita (R$ 174 milhões em 5 anos, segundo assessoria do clube) vinda de um fundo de investidores. Apenas isso.
Quem vai tocar/administrar praticamente a coisa toda é a HI.PE CAPITAL S.A e MATIX CAPITAL.
A HI.PE CAPITAL tem como sócio fundador, Pedro Weber Braga (que esteve no Jogo Rápido junto com o presidente Souza, veja o vídeo ao final da matéria). Pedro é conhecido por ser agenciador de jogadores famosos, entre eles o lateral Marcelo que recentemente voltou para o Fluminense. Marcelo inclusive foi um dos fundadores do Azuris/PR.
O que o Azuris/PR tem a ver com isso? Pedro Weber foi justamente o 1º presidente do clube paranaense. A ligação entre o CEO da HI.PE CAPITAL com Marcelo e Azuriz é forte. Baseado no CNPJ da empresa, a HI.PE CAPITAL tem R$ 78 mil de capital social e quando buscamos na internet, não há muitos registros da empresa com o mundo da bola.
Já a MATIX CAPITAL tem sede no Rio de Janeiro e foi aberta em 2021. O quadro societário conta com Thairo Torres de Arruda e Danilo Tardin Caixeiro e de acordo com seu site, a empresa se “concentra em oportunidades de recuperação de clubes com uma base de torcedores substancial e marca distinta” (nisso, o América se enquadra perfeitamente).
Em seu perfil do Instagram, várias fotos com dirigentes, atletas e personalidades conhecidas no mundo do futebol.
O capital social da MATIX CAPITAL é de R$ 50 mil.
COMO SERÁ A VOTAÇÃO NO CONSELHO?
A previsão é de que o projeto que trata da SAF que tocará o futebol do América seja votado no dia 20 de abril. Antes disso, no dia 14, será feita uma apresentação a todos os conselheiros e sócios-proprietários (sim, eles também vão votar) para que os detalhes sejam amplamente explicados.
Esse prazo, para alguns dos conselheiros com quem conversei, não é o ideal. O argumento é de que possíveis sugestões, adaptações e até uma comissão para possível revisão do contrato precisaria de um tempo hábil maior do que seis dias.
Para a aprovação no Conselho Deliberativo e enfim a SAF se tornar realidade, será necessário 2/3 dos votos aptos. Segundo ouvi de um conselheiro respeitado e com conhecimento do estatuto do clube, ele só implementaria a SAF se fosse por unanimidade.
Pelo o que se percebe, a coisa está bem costurada nos bastidores e a aprovação é dada como certa. Só se quando houver a apresentação dos detalhes contratuais, venham questionamentos (quais garantias para o patrimônio do clube e tudo mais) ou até uma reviravolta.
O QUE PENSAM OS EX-PRESIDENTES?
Conversei com cinco ex-mandatários do América (os quais preservarei os nomes). Pode não parecer muito, mas se formos levar em consideração as recentes trocas de presidentes no Alvirrubro, tenho uma base variada porque são perfis bem diferentes.
Vamos lá: deixar bem claro que o otimismo e torcida para que a situação do América melhore é unânime. Independentemente de opiniões (estilo de cada um) e ressalvas, todos se mostraram dispostos a ajudar.
Mas dos cinco ex-presidentes que falei, dois não tinham muitos detalhes e “estavam por fora da SAF”. Outros dois estavam mais inteirados e bastante animados com as possibilidades. Apenas um ex-presidente estva mais cauteloso e se mostrou preocupado com a necessidade de mais debate e não já estipular prazo entre explicação x votação.
Esse cenário de opiniões pode mudar já que a consulta que fiz foi na noite da terça (04/04).
MUDANÇAS DRÁSTICAS
Pra finalizar, com a aprovação da SAF, alguns “costumes” que vemos no América (que não é particularidade do Alvirrubro) vão acabar. Uma delas são os funcionários e pessoas que atuam no futebol.
Numa SAF, a coisa é REALMENTE um negócio onde o profissionalismo vem em primeiro lugar porque o objetivo final é o lucro. Categorias de base, diretoria/gerencia de futebol e perfil de outros funcionários do clube vão ter uma mudança radical. Isso deve afetar diretamente alguns profissionais que estão no clube “desde sempre”. Cargos de diretoria, ídem. Alguns também sofrerão impacto. Ter condições financeiras e ser mais torcedor do que dirigente também deve deixar de ser critério para estar no topo da pirâmide.
Por fim, outro ponto que terá uma mudança (no caso quase uma extinção) é a atuação/espaço/abertura para as Torcidas Organizadas. Vejam os exemplos de Cruzeiro, Botafogo e outros. Essa de pessoas ocupando posições por apenas serem oriundas (e não ter a capacitação devida) vai acabar.
Protesto, pressão e cobrança de Torcida Organizada também não deve mais surtir efeito com a SAF. Porque se for feito o tal “planejamento”, ele será seguido esperneando ou não.
SEDE SOCIAL
Vale lembrar que o clube correu contra o tempo para pressionar o Governo do Estado sobre o tombamento da Sede Social da Rodrigues Alves. No último dia 1º, foi oficializado a efetivação do tombamento por parte de setor de Patromônio Público do executivo. O tombamento foi solicitado em 2019.
É uma garantia para que o prédio não seja vendido, penhorado ou incluído como garantia da SAF.
Agora faz todo sentido!
Em contato com a Reportagem da 96, o clube afirmou que, apesar de o quarteirão ter outros investimentos privados e não ligados ao América, ainda há um rendimento financeiro para o alvirrubro. O espaço América, o estacionamento e até salas do Manhattan Business ainda rendem financeiramente.
E você, é a favor da SAF no América?
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