Execução em Guarulhos: chances de envolvimento de policiais é grande, diz jornalista

11 de Novembro 2024 - 15h25

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) identificou as delegacias em que estão lotados os policiais suspeitos de participarem do assassinato do empresário Antonio Vinicius Gritzbach no aeroporto de Guarulhos, segundo apurou a CNN. A notícia é da CNN.

“A possibilidade de envolvimento de policiais e ex-policiais, civis e militares, no crime é muito grande”, afirmou o jornalista policial Valmir Salaro em entrevista à CNN, na manhã desta segunda-feira (11)

O especialista disse que não só delegacias da Polícia Civil podem estar envolvidas no homicídio, mas também quartões da Polícia Militar

Antonio Gritzbach, de 38 anos, sofreu 10 tiros e foi morto no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na tarde da última sexta-feira (8). A principal suspeita é de que o homem foi executado por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O empresário realizou uma delação premiada contra à facção, em acordo com o MPSP, e teria mandado matar dois integrantes influentes do PCC, mortos em 2021: Anselmo Becheli Santa Fausta, vulgo “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, vulgo “Sem Sangue”.

“Por essa acusação, obviamente os criminosos que lidam com o partido e a própria polícia tinham informações concretas que ele mandou matar esses dois integrantes”, disse Salaro.

Segundo informações apuradas pela CNN, a facção oferecia um prêmio de R$ 3 milhões pela morte do empresário.

Ele também explicou Antônio tinha uma ligação próxima com a organização criminosa, como uma relação de comparsas. O “Cara Preta” enviava dinheiro a Antônio para realizar investimentos em diversas áreas, como em criptomoedas e futebol, segundo o especialista.

“O Cara Preta teria descoberto que, o dinheiro que o PCC passava para ele, ele (Antônio) estava pegando para ele próprio. Ele traiu o PCC e ainda virou delator”, contou.

E ainda afirmou: “Desde que mandou matar, ele já tinha descumprido um dos estatutos do Primeiro Comando da Capital. Ele era ameaçado e sabia que podia morrer a qualquer momento”.

O jornalista, que noticia grandes crimes urbanos há 40 anos, contou uma estratégia que o empresário utilizava quando sabia que poderia ser vítima de um atentado.

“Quando ele sabia que alguém tinha planejado a morte dele, alguém ligado ao crime organizado, que oferecia um valor pela cabeça dele, ele procurava essa pessoa e oferecia um valor maior para que não fosse morto.

Por fim, Salaro listou suas três hipóteses para supostos responsáveis pelo crime:

Integrantes do PCC

Ex-policiais e policiais envolvidos diretamente com ele, “que ganhavam dinheiro do crime dando proteção ou extorquindo”

Integrantes do PCC e policiais civis e militares, que “tinham interesse direto na morte do empresário”

Empresário negou proteção do MP

O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach recusou entrar no Programa Estadual de Proteção a Vítimas e Testemunhas (PROVITA/SP), de acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP).

A informação também foi confirmada pela defesa dele. O MP afirmou que fez uma oferta formal ao empresário de proteção, mas ele recusou a proposta, alegando que pretendia continuar com sua rotina e gerindo seus negócios.

“A pessoa sofre muitas restrições, precisa mudar de nome, endereço, ter pouco contato com a família e ficar em um local humilde. E ele tinha um padrão de vida diferente disso”, afirmou Valmir Salaro à CNN.

A defesa do empresário, que atuou na negociação do acordo de delação premiada, confirmou que essa foi a decisão de Gritzbach.

Por conta das ameaças que recebia, o empresário passou a andar com segurança particular, formada por policiais militares que faziam ‘bico’. Os agentes foram afastados da Polícia Militar.

“São policiais militares fazendo bico, que trabalham normalmente no dia a dia, que receberam dinheiro de um criminoso. O dinheiro que ele pagava esses policiais para fazer a segurança dele, obviamente não era um dinheiro limpo”, comentou o especialista.

O Programa Estadual de Proteção a Vítimas e Testemunhas (PROVITA/SP) é um instrumento da Justiça utilizado para garantir a segurança de vítimas, testemunhas ou colaboradores de investigações que estejam sofrendo ameaças sérias, graves e iminentes, como era o caso de Gritzbach.

Empresário foi alvo de atendado em dezembro do ano passado

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi alvo de um atentado no prédio onde ele morava no Natal do ano passado.

Segundo um dos advogados de Gritzbach, ele estava em seu apartamento no Jardim Anália Franco, na zona leste de São Paulo, na tarde do dia 25 dezembro, quando foi até a janela fazer uma foto da lua. Neste momento, tiros foram disparados em sua direção.

Ninguém ficou ferido no ataque, mas a Polícia Civil de SP abriu um inquérito para investigar o ocorrido.

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