Prestadoras de serviço são afetadas por acordo estagnado entre Shein e Coteminas

24 de julho 2024 - 07h09

O acordo anunciado em 2023 entre a varejista chinesa Shein e a Coteminas para a produção de peças não foi concretizado. Entre os afetados pela parceria frustrada estão empresas de costura no interior do Rio Grande do Norte.

A Coteminas havia firmado contratos de prestação de serviços com empresas de pequeno e médio porte especializadas em costura de tecidos. O plano era que esses tecidos fossem enviados para as costureiras e, posteriormente, devolvidos para venda na Shein.

O contrato previa que as prestadoras seriam pagas cerca de R$ 0,60 por minuto de produção, com uma expectativa de produção de aproximadamente 20.000 peças por dia. Ficou também estipulado que os custos de logística e transporte das peças seriam arcados integralmente pela Coteminas.

Os empresários dessas costureiras viam a produção para a Shein como uma oportunidade de expandir e diversificar seus fornecedores. Esses negócios já possuíam acordos de costura com varejistas nacionais, como a Guararapes, e uma parceria com a Shein traria mais segurança em caso de problemas no setor interno.

Havia também a expectativa de criação de empregos e aumento das vendas. As prestadoras de serviço de costura no Rio Grande do Norte contratadas inicialmente pela Coteminas são empresas de pequeno a médio porte, com um quadro de 50 a 150 funcionários.

As únicas roupas produzidas para a Shein foram "peças-piloto", que serviram como teste para as vendas. Em sua maioria, eram confeccionadas em tecido jeans – jaquetas, macacões, jardineiras e calças.

Interlocutores afirmam que a parceria não avançou devido a problemas nos processos finais, como a lavagem das peças, por parte da Coteminas.

A parceria entre a Shein e a empresa potiguar foi anunciada em abril de 2023. No entanto, os resultados esperados não se concretizaram. De abril de 2023 até sexta-feira (19), as ações do negócio caíram 21,5%. Em maio, houve o pedido de recuperação judicial, um processo legal que permite a reestruturação de dívidas e operações para evitar a falência e manter as atividades.

Naquele mesmo dia, a Shein enviou uma carta ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) prometendo investimentos e a nacionalização das atividades. A empresa afirmou que iria "aumentar a competitividade das fábricas têxteis brasileiras".

A varejista chinesa prometeu criar 100 mil empregos em três anos e estabelecer parceria com 2.000 fabricantes brasileiros. A empresa reiterou estar "comprometida com o processo de nacionalização anunciado em 2023 por meio de sólidas operações locais, marketplace, produção brasileira e geração de empregos". A 

Sobre as empresas terceirizadas, a Shein afirmou que "o grupo têxtil desenvolveu com algumas confecções do Pró Sertão do Rio Grande do Norte itens para fornecimento à empresa".

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