TCU forma maioria para aprovar privatização da Eletrobras

18 de Maio 2022 - 18h38

O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) formou maioria nesta quarta-feira (18) para aprovar a continuidade do processo de privatização da Eletrobras, estatal que atua nas áreas de geração e transmissão de energia. As informações são do G1.

Até a última atualização deste texto, o placar era de 7 votos a 1 pela aprovação do modelo de venda defendido pelo governo – apenas o ministro Vital do Rêgo votou contra. Os votos foram sinalizados ao longo da discussão do processo nesta quarta, mas ainda serão colhidos formalmente até o fim da sessão.

Antes do julgamento do mérito, Vital do Rêgo pediu que o tribunal suspendesse o processo até a área técnica do tribunal concluir a fiscalização sobre dívidas judiciais da companhia, que poderiam causar uma subavaliação da estatal. Os ministros negaram o pedido de suspensão por 7 a 1.

O Ministério de Minas e Energia (MME) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -- que auxilia na operação -- deverão cumprir algumas determinações e recomendações do tribunal, mas sem prejuízos à continuidade do processo.

O julgamento desta quarta-feira é a segunda e última etapa de análise no TCU. Nessa etapa, o tribunal avalia o modelo de venda proposto pela União, incluindo faixa de valor das ações a serem ofertadas na bolsa de valores.

A primeira etapa já tinha sido aprovada em fevereiro. Na ocasião, os ministros analisaram e aprovaram o chamado "bônus de outorga" que, após a privatização, a Eletrobras deverá pagar à União pela renovação dos contratos das 22 usinas hidrelétricas da empresa.

O governo optou por realizar a privatização na forma de uma capitalização, ou seja, serão ofertadas novas ações da Eletrobras na bolsa de valores, em uma oferta que não será acompanhada pela União. Com isso, a União deixará de ser a acionista controladora da empresa.

Quando o processo for concluído, a estatal se tornará uma empresa sem controlador definido. Modelo semelhante foi adotado na privatização da Embraer. Nenhum acionista terá poder de voto superior a 10% de suas ações. O objetivo é justamente pulverizar o capital da empresa, de modo a não ter nenhum grupo dominante sobre as suas decisões.

Primeira grande privatização

A aprovação do TCU é a última etapa pendente para o governo poder fazer a privatização da companhia de energia elétrica ainda neste ano. Será a primeira grande estatal a ser vendida pelo governo Bolsonaro. O Congresso já tinha dado o aval em junho do ano passado.

Com a eventual aprovação no TCU, ainda faltará o cumprimento de alguns trâmites burocráticos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Securities and Exchange Commission (SEC) para que a oferta de ações da Eletrobras seja lançada no mercado.

A ideia inicial do governo era fazer a oferta de ações até 13 de maio, mas pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Vital do Rêgo adiou os planos.

Oficialmente, o governo ainda não informou a data de privatização, mas a expectativa é que a operação aconteça entre junho e até, no máximo, meados de agosto.

Como votaram os ministros

Aroldo Cedraz, relator do processo
- apresentou voto favorável à continuidade da privatização da empresa, mas determinou ao governo que revise o cálculo para definição do preço mínimo por ação a ser ofertada ao mercado. Os valores são sigilosos. Também fez algumas recomendações, como para o governo incluir nos novos contratos de concessão das usinas da Eletrobras a previsão de aditivos para remunerar a União em uma futura venda da potência de energia das usinas.

Vital do Rêgo, autor do pedido de vista - apresentou voto contrário à continuidade da privatização da empresa nos termos apresentados pelo governo. Rêgo diz que o governo subavaliou o valor de mercado da Eletrobras, ao não considerar uma venda futura de potência das usinas, entre outros fatores; sugeriu que a Eletrobras inflou o dinheiro separado para pagar eventuais derrotas em processos judiciais, o que reduziu o valor da empresa e dividendos pagos à União; afirmou que a privatização vai resultar no aumento da conta de luz, já que as usinas da Eletrobras passarão a vender energia a preço de mercado, não mais abaixo do valor de mercado, como é hoje.

Jorge Oliveira - acompanhou voto de Cedraz, com alguns ajustes, como a manutenção da cláusula que, na prática, dificulta a possibilidade de o governo reestatizar a Eletrobras no futuro ou de um grupo privado assumir de forma hostil o controle da empresa.

Walton Alencar Rodrigues - acompanhou voto de Oliveira. Não leu seu voto em plenário.

Benjamin Zymler - votou por dar prosseguimento à privatização, na forma sugerida pelos ministros Cedraz e Oliveira, mas por recomendar ao BNDES que explique as premissas utilizadas na precificação do valor da energia futura gerada pelas usinas da Eletrobras. Ao leu ser voto, rebateu as supostas ilegalidades no processo citadas por Rêgo.

Augusto Nardes - acompanhou o voto dos demais ministros que votaram a favor da privatização. Não leu seu voto em plenário.

Bruno Dantas - votou por acompanhar o voto de Cedraz, com os ajustes propostos pelo ministro Jorge Oliveira. Afirmou que o processo de valuation da Eletrobras deixou a deixar, mas disse que é papel do mercado corrigir distorções no preço por ação e que cabe ao TCU, em casos como este, em garantir a isonomia dos competidores.

Antonio Anastasia - acompanhou o voto dos demais ministros que votaram a favor da privatização. Não leu seu voto em plenário.

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