Tifanny Abreu já havia entrado para a história do vôlei brasileiro, ao ser primeira atleta trans a disputar a Superliga. Mas nesta quinta-feira (1º), ela foi além: Tifanny foi campeã da competição pelo Osasco e ainda marcou o último ponto da partida contra o Sesi-Bauru. É isso mesmo: agora, Tifanny se tornou a primeira jogadora trans a conquistar o título da maior competição do vôlei nacional.
Aos 40 anos, Tifanny começou a transição de gênero em 2013, tomando hormônios femininos e submetendo-se à cirurgia de redesignação sexual. Inclusive, antes de fazer a transição, Tifanny já tinha jogado na Superliga masculina e em ligas de vôlei em outros países, como Holanda, Bélgica e Indonésia.
"É uma felicidade imensa saber que eu estou representando uma classe de pessoas que lutam pelo mínimo, pelo mínimo de espaço, pela sobrevivência, por estar na universidade, na política, na televisão, no esporte… De ter a minha dignidade de poder trabalhar e de poder ser feliz fazendo o que ama", disse a jogadora, antes da final desta quinta, em conversa com o Lance!
CRITÉRIOS DA CBV
Mesmo atendendo aos critérios definidos pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), seguindo orientações da Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS), Tifanny é alvo de críticas por ocupar espaço de destaque no esporte. De acordo com a Confederação Brasileira de Vôlei, a atleta trans deve ter taxa de testosterona (hormônio sexual masculino) inferior a 5 nmol/L (nanomoles por litro).
"Muitas vezes as pessoas tentam me fazer parar com palavras horrorosas, transfobia, mas eu não paro, porque eu sei que não represento só a Tifanny, não represento somente o Osasco, não represento só uma classe de pessoas trans, mas também represento as pessoas que ainda vão fazer a transição e têm medo de uma sociedade que a impõe somente a sarjeta", declarou, novamente ao Lance!
Foto: Carol Oliveira/ Osasco Voleibol Clube