O lobista e operador financeiro Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS“, está tentando um acordo com a cúpula da CPMI do INSS para que sua esposa, Tânia Carvalho dos Santos, não precise prestar depoimento no colegiado. A informação é do O Antagonista.
Diante da decisão de Antunes de não comparecer para a oitiva na última segunda-feira, 15, a CPMI aprovou a convocação da mulher, que é sócia do lobista em várias empresas também.
O Antagonista apurou, porém, que desde a noite de quarta, 17, emissários do Careca estão tentando convencer o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), de aceitar um depoimento do lobista em troca de Tânia não precisar falar.
A cúpula da CPMI ainda não deu qualquer resposta. Isso porque a proposta é vista com ressalvas. Como o lobista já faltou a uma convocação, há receio de que se trata de apenas mais uma estratégia dele.
Depoimento de advogado
Nesta quinta-feira (18), a CPMI está realizando a oitiva do advogado Nelson Wilians. Ele negou que tenha participação no esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. Ele foi um dos alvos da Operação Cambota – da PF –, desdobramento da Sem Desconto, que investiga o esquema. Na Cambota, o lobista conhecido como “Careca do INSS” e o empresário Maurício Camisotti, ambos suspeitos de envolvimento na fraude, foram presos.
“Não possuo qualquer ligação com os fatos investigados por essa ilustre, respeitosa CPMI. Vou repetir: não possuo, eu, Nelson Wilians, a Nelson Wilians, não possui qualquer ligação com os fatos investigados por esta comissão. Jamais, em hipótese alguma, eu me envolveria em algo tão sórdido. Conduta que repudio com veemência. Repito para que não restem dúvidas: não tenho qualquer participação na chamada fraude do INSS“, declarou o advogado hoje.
Ele disse ainda que não conhece o Careca. “Eu só vim a ter conhecimento desta figura e deste nome a partir das notícias. Que não paire dúvida: eu não conheço”.
Por outro lado, falou ser amigo de Camisotti. “Esse eu conheço. Conheço desde 2015. Apresentado por um amigo em comum. Uma pessoa de bem também, assim como eu estou aqui falando com vocês. Minhas relação com o Maurício? Duas: inicia profissional e passou para amizade”, pontuou.
Convocado, Wilians compareceu à CPMI com um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantindo o direito de permanecer em silêncio e não prestar o compromisso de falar a verdade. Dessa forma, ele não prestou o compromisso.
Ele respondeu a poucas perguntas na comissão. Na maioria, se recusou a dar resposta, dizendo apenas que não tem nenhum envolvimento com o objeto da CPMI ou exercendo o direito de permanecer em silêncio.