Ao visitar o Museu Fluminense, nas Laranjeiras, vários troféus chamam a atenção do torcedor. A da Conmebol Libertadores, a da Recopa Sul-Americana, os Brasileiros... Mas outras duas taças sem tanto apelo do público também são importantes para entender a rivalidade com o Flamengo, adversário desta quarta-feira, pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro. Uma representa a soberania no início do século, a outra carrega uma curiosidade: representa o primeiro título da história do Rubro-Negro, mas é de posse do Tricolor.
A informação é do ge. Para entender essa história, é preciso voltar ao século passado. De 1906 até 1919, o troféu para todo campeão carioca era a Taça Colombo, que não ficava em posse dos clubes vencedores. Após a festa de comemoração e de cerimônias em suas sedes, ela era devolvida para a Federação. No entanto, havia uma regra: a posse definitiva seria do clube que a conquistasse por três anos consecutivos.
Esse é o motivo de o troféu estar exposto em Laranjeiras e não na Gávea: o Fluminense foi o primeiro clube a conseguir a sua posse tendo conquistado o tricampeonato carioca em 1917, 1918 e 1919. Além de o troféu representar o primeiro título da história do Flamengo (1914), ele tem o mesmo significado para Botafogo e America.
— Em tese, deveria ser do Fluminense já em 1908 (o Tricolor também foi campeão em 1906, 1907 e 1909), mas não foi possível porque o Botafogo recorreu à Justiça para discutir a edição de 1907, que pelo regulamento seria só tricolor. A conquista veio no tricampeonato de 1919, logo após a pandemia da Gripe Espanhola, no recém-inaugurado Estádio de Laranjeiras — afirma Dhaniel Cohen, gerente do Flu-Memória.
Curiosamente, o Flamengo teve a chance de ter o troféu em sua posse antes do Fluminense, já que conquistou os torneios de 1914 e 1915. Porém, o America foi campeão em 1916, o que fez a busca pela posse seguir sem dono, até cair em mãos tricolores. O Flamengo foi consultado na produção da reportagem, mas não se manifestou.
Taça de dois metros também cita o clássico
Outro troféu que chama a atenção no museu é a Taça Gardano, mas pela sua presença física: tem mais de dois metros de altura e está em destaque no meio do salão. A imponência foi escolha da uma fábrica de chocolate para representar o tamanho do clássico entre Fluminense e Flamengo, já naquela década.
O regulamento deste troféu era diferente: a ideia era presentear o clube que mais vencesse o confronto entre 1936 e 1938, anos em que a empresa estava diretamente ligada à organização do Carioca. Curiosamente, naqueles anos, o Tricolor foi três campeão campeão estadual e o Rubro-Negro, tri vice.
— Na época, vale destacar, o Rio de Janeiro era o Distrito Federal. Não por acaso, cinco atletas tricolores (Batatais, Hércules, Machado, Romeu e Tim) e três rubro-negros (Domingos da Guia, Leônidas e Walter) foram convocados para representar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1938. O período também marcou um momento de hegemonia estadual da dupla. Entre 1936 e 1944, todos os títulos cariocas foram de um ou outro — completou Cohen.
O próximo jogo é o teste de fogo a esse histórico de confronto: o Tricolor será o mandante contra o Flamengo no Fla-Flu pela 34ª rodada. Uma vitória pode colocar o time na zona de classificação direta a fase de grupos da Libertadores e encaminhar a vaga ao menos nas fases prévias.