Uma audiência pública realizada nesta sexta-feira (19), na Câmara Municipal de Natal (CMN) debateu a possibilidade de o ensino infanto-juvenil ser realizado sem viés ideológico. A proposição foi do vereador Subtenente Eliabe (PL), e trouxe o tema “Escola sem ideologia, é possível?” para dentro do plenário e das galerias da Casa. A conferência contou com a presença do vereador Daniel Randall (Republicanos), o qual representou a Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Inovação da CMN, do deputado federal Sargento Gonçalves (PL), do Secretário Municipal de Educação de Natal, Aldo Fernandes, e com representantes de escolas e da sociedade civil.
De acordo com o Subtenente Eliabe, o objetivo foi ressaltar que as escolas são o ambiente natural para o livre debate de ideias, porém sem haver qualquer tipo de doutrinação sobre as crianças e adolescentes. “Viemos aqui para discutir uma escola onde se formem cidadãos críticos, cidadãos completos, respeitando o livre debate de ideias,e não sirva como um ambiente para doutrinar as pessoas. Nós entendemos sim a importância do debate mas, infelizmente, nas instituições de ensino da nossa cidade, do nosso país, a gente observa que as vozes que defendem o debate o fazem por meio de um espectro político-partidário ideológico”, afirmou o parlamentar.
Segundo o vereador Daniell Rendall, essa audiência pública relembrou o papel e o lugar da escola na sociedade, como fomentadora do conhecimento. “A escola é um ambiente de aprendizado, principalmente. A gente sempre discute, debate sobre a questão da ideologia, pois cada um tem a sua, assim como a religião ou como time do futebol. Mas, o mais importante hoje, é a gente discutir o aprendizado, os meios para a gente melhorar a nossa educação pública, o IDEB, as ferramentas tecnológicas. Não existe hoje educação pública de qualidade sem olhar para a tecnologia com os olhos positivos”, pontuou o vice-presidente da Comissão de Educação da CMN.
Para o Secretário Municipal de Educação de Natal, Aldo Fernandes, esse debate foi fundamental para reafirmar a importância da liberdade de pensamento na formação das crianças e adolescentes. “Nós não estamos trabalhando para rotular quem quer que seja, pelo contrário. Precisamos de uma juventude livre para que eles possam caminhar dentro daquele seu viés democrático, de cidadão. O jovem, hoje, é muito perspicaz, muito curioso. Ele pesquisa muito e tem um universo de ferramentas para isso. Então, a nossa função seria exatamente norteá-lo dentro dessas pesquisas para que ele, de forma livre, madura e consciente, caminhe dentro da sua projeção sociopolítica”, avaliou o secretário.
Nádja Priscila, vice-diretora da Escola Estadual Professor Luis Soares, localizada no bairro do Alecrim, em Natal, analisou que o debate ideológico tem ocupado um lugar não apropriado dentro das escolas. “A escola é um lugar para ideias, não ideologias, ideias ligadas ao ensino das matérias como português, matemática ou ciências. Muito do tempo pedagógico tem se perdido com discussões que deveriam ser da família. Não temos como educar e fazer o papel da família ao mesmo tempo. Espero que os gestores se voltem para este aspecto das escolas, de ser o lugar das ideias e não da ideologia”, ressaltou.