O ator Fábio Assunção relatou, pela primeira vez, um episódio de assédio que sofreu na infância. A fala foi exibida neste domingo (3) durante o quadro 'Pode perguntar'— que reúne jovens no espectro autista para uma roda de conversa com personalidades da mídia. Com informações de g1.
“Eu tive um vizinho quando era garoto, quando eu tinha uns oito, nove anos, que ele me chamou para ir para o apartamento dele em Santos. Eu entrei, ele começou a me mostrar um monte de revista. Daqui a pouco ele colocou a mão em mim, ele pegou e botou a mão e eu saí correndo”, contou.
O relato ocorreu após uma pergunta feita por Josi, uma das entrevistadoras presentes no bate-papo: “As atrizes, artistas são muito questionadas sobre a questão do assédio, e aí nos últimos anos a gente tem visto uma onda de denúncias de homens que passaram por situações parecidas. Você já viu alguma situação parecida?”, questionou a mulher.
Durante a resposta, Fábio contou que a sua reação foi contar para a sua família.
“Eu não sabia formular que era um assédio, mas eu contei para minha irmã. A minha irmã falou: ‘Imagina’. Contei para minha mãe: ‘Imagina, o nosso vizinho de muitos anos’. Então eu fiquei meio assim”, disse o ator, hoje com 53 anos.
Fábio disse que não acredita que a experiência dele possa ser comparada aos tipos de violência enfrentados por muitas mulheres. “Eu nunca falei sobre isso porque eu também não acho que dê para comparar os assédios que um homem tem, os assédios que uma mulher tem", afirmou.
Ao compartilhar o maior desafio da sua trajetória profissional, Fábio contou sobre a decisão de sair de uma novela para cuidar da saúde mental.
“Chegou um momento que eu acho que entrei em um colapso. Então, nesse momento, eu fiz uma novela chamada Negócio da China que eu precisei sair, e esse foi o momento mais difícil da minha carreira", contou. "Foi fazer uma escolha de sair de uma novela, mesmo sabendo a exposição que eu ia ter em relação a isso. Mas eu saí para me cuidar, para me tratar, para botar minha vida em ordem”.
Fábio respondeu perguntas sobre medos, relações familiares e superação. “Eu também tive as minhas internações. E isso normalmente faz com que a gente sinta vergonha. Só que, pensa bem, quem é que está no mundo que não tenha as suas dores, as suas dificuldades?”
Fábio também falou da importância da saúde mental no dia a dia: “Nada está garantido. Você pode recair, você pode ter novos problemas, mas eu acho que você estando conectado com você, estando trabalhando, isso daí, você vai levando sua vida com muito menos riscos".