Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Relatórios da Polícia Federal mostram que fiscalizações e serviços essenciais estão sendo interrompidos porque auditores e técnicos não conseguem entrar em áreas dominadas por facções. A PF registra riscos constantes de tiroteio, barricadas e presença de criminosos, o que levou ao cancelamento de investigações sobre trabalho precário, serviços ilegais de internet e até uma rádio clandestina que interferia nas comunicações do Aeroporto do Galeão.
Em bairros do Rio controlados por Comando Vermelho, milícias ou Terceiro Comando Puro, a PF recomenda abortar operações por falta de segurança. Em alguns casos, foram planejadas rotas de fuga e, mesmo assim, as ações foram suspensas. A Superintendência do Trabalho afirma acionar forças de segurança, mas admite limitações.
O problema se repete em outros estados. Em Pernambuco, equipes da Anatel sofreram ameaças e não conseguiram inspecionar centrais ilegais. Em São Paulo, áreas controladas pelo PCC impedem fiscalizações e até o reparo de orelhões, afetando metas da agência. Concessionárias também relatam dificuldades: a Light não consegue investigar furtos de energia em zonas dominadas pelo crime.
Muitas denúncias são arquivadas porque os fiscais simplesmente não conseguem acessar os locais. Em um caso no Galeão, a operação para neutralizar uma rádio clandestina foi suspensa; em outro, em Cuiabá, rádios usadas por faccionados só foram desligadas com ordem judicial e escolta policial.
A expansão territorial do crime organizado recolocou a segurança pública no centro da agenda federal. O governo enviou ao Congresso o projeto Antifacção, que endurece o combate a facções como CV e PCC, hoje presentes em vários estados e influentes em serviços públicos. Servidores têm pedido apoio permanente da PF, que mapeia riscos para cada atividade essencial executada nessas áreas.
Com informações de O Globo