Servidores terceirizados do Hospital Walfredo Gurgel, maior unidade de saúde do Rio Grande do Norte, paralisaram as atividades na manhã desta quarta-feira (22), por causa do atraso de salários e outros benefícios.
Entre os trabalhadores estão profissionais de nutrição, vigilância, maqueiros e serviços de lavanderia e higienização. Eles realizaram um protesto em frente à unidade, localizada na Avenida Salgado Filho, em Natal.
De acordo com os terceirizados, o movimento foi motivado pelo atraso nos salários e no pagamento de quatro meses de vale-alimentação, responsabilidade do Governo do Estado.
Segundo Márcio Lucena, presidente do Sindicato dos Vigilantes, a situação, além dos funcionários do hospital, afeta cerca de 800 trabalhadores no estado, incluindo vigilantes que estão sem receber o 13º salário de 2024.
“Infelizmente, decidimos protestar para chamar a atenção da imprensa nacional e estadual. Muitos vigilantes estão sendo despejados por falta de pagamento de aluguel e outras contas básicas”, afirmou.
Com a redução do serviço, parte da alimentação fornecida pelo hospital está suspensa.
Rosália Fernandes, coordenadora geral do Sindicato dos Servidores da Saúde, afirmou que desde o último domingo (19), as refeições foram suspensas para funcionários e acompanhantes, exceto da pediatria.
“Hoje, a ordem é oferecer alimentação apenas para pacientes e acompanhantes da pediatria. Os demais estão sem refeições. Essa é uma situação recorrente que afeta não só os terceirizados, mas também os servidores públicos que dependem desse suporte”, disse.
Rosália também destacou que a situação é semelhante em outras unidades do estado. “No Hospital Santa Catarina, em Natal, não houve jantar na noite de domingo. No Tarcísio Maia, em Mossoró, já são sete dias sem refeições para os funcionários. É uma penalidade constante para quem trabalha na saúde pública”, completou.
A situação tem impactado os pacientes e seus acompanhantes. Meire Barbosa, que acompanha um amigo internado no hospital após ter ficado paraplégico devido a um tiro nas costas, relatou as dificuldades enfrentadas.
“Ontem ficamos com fome. Hoje de manhã veio apenas um pão seco e café. Quem tem dinheiro consegue comer, quem não tem, depende da ajuda de outras pessoas. Se não fosse uma menina que comprou quentinhas e dividiu com quatro pessoas, ninguém teria comido nada”, afirmou.
Segundo Meire, muitos acompanhantes de outras cidades, como Macau e Pau dos Ferros, também enfrentam dificuldades. “A situação está horrível. Todo mundo está com fome. É um absurdo muito grande o que está acontecendo”, disse.
Questionada sobre a previsão do pagamento de dezembro para as quatro empresas terceirizadas, a Secretaria de Saúde Pública do RN (Sesap), informou que depende da Secretaria de Fazenda.
Além disso, a Sesap afirmou que a respeito do vale-alimentação, não procede que o atraso seja responsabilidade do governo. De acordo com a secretaria, o repasse feito à empresa engloba todos os valores.
Os funcionários terceirizados liberaram o trânsito na Avenida Salgado Filho por volta das 10h40 e seguiram em protesto para a sede da Governadoria, no Centro Administrativo. As informações são do G1.