De uns tempos pra cá, a harmonização não ficou só no rosto. Abaixo da cintura, muita gente também quer dar um “upgrade” — e o pênis entrou na onda, como aconteceu com o influenciador Rico Melquiades. Mas será que esse preenchimento peniano, além de encher os olhos, muda algo na hora H? Ao Metrópoles, o médico urologista e andrologista Hilton Monteiro e o biomédico, doutor em ciências biomédicas e especialista em saúde intima José Henrique esclarecem os principais pontos sobre o tema. Com informações do Metrópoles.
Segundo o especialista, o procedimento é voltado principalmente para a estética. Ele tem como objetivo aumentar o diâmetro do pênis, corrigir assimetrias, retrações e, em alguns casos, disfarçar curvaturas leves.
“Não há alteração direta na rigidez ou na duração da ereção apenas pelo preenchimento. No entanto, o desempenho sexual pode melhorar de forma indireta, com aumento da autoconfiança, redução da ansiedade de desempenho e melhora na aceitação da própria imagem corporal”, explica Monteiro, médico do Hospital Anchieta de Taguatinga.
José Henrique reforça esse aspecto: “A harmonização peniana, quando bem indicada e realizada por um profissional capacitado, pode sim impactar positivamente a vida sexual do paciente — principalmente pela via da autoestima. Muitos homens relatam que, após o procedimento, se sentem mais seguros e confiantes, o que interfere diretamente no desempenho e na entrega durante a relação sexual.”
Existem riscos na harmonização peniana?
Apesar de haver benefícios estéticos, há riscos associados. Hilton alerta que, embora raras quando bem indicadas e executadas, complicações podem ocorrer. Entre elas, estão a diminuição temporária da sensibilidade, irregularidades ou nódulos que causam desconforto, além de possíveis efeitos vasculares mais graves, como isquemia ou necrose.
“Também pode haver fimose ou parafimose, quando o preenchimento comprime excessivamente o prepúcio e interfere na exposição da glande”, afirma. Por isso, o procedimento deve ser feito por um médico habilitado, com conhecimento anatômico preciso.
De acordo com José Henrique, a função sexual em si costuma ser preservada quando tudo é feito corretamente. “É importante entender que a função sexual em si — como ereção, sensibilidade e ejaculação — geralmente não é alterada quando o procedimento é feito corretamente. Para esse tipo de disfunções existem outros tipos de procedimentos que realizamos em nossa clínica. Mas a percepção de si, a forma como o homem se enxerga e se sente em relação ao próprio corpo, isso muda bastante. E esse fator psicológico tem um peso enorme na qualidade da vida sexual.”
O impacto psicológico costuma ser positivo, desde que o paciente tenha expectativas realistas e indicação adequada. A autoestima, a segurança e a disposição para o contato íntimo tendem a aumentar. No entanto, o especialista reforça que pode haver frustração, transtornos dismórficos ou ansiedade por novas intervenções, especialmente em quem já possui histórico de insatisfação corporal crônica.
“Por outro lado, como qualquer procedimento estético, é essencial que haja clareza nas expectativas. Não se trata de ‘milagre sexual’, mas de um cuidado íntimo que pode contribuir para o bem-estar geral, inclusive dentro da vida a dois”, acrescenta José Henrique.
E o prazer, como fica?
Quanto à satisfação do parceiro ou parceira, o médico esclarece que o aspecto visual pode influenciar, mas não é determinante. “A qualidade da relação, a intimidade, a comunicação e o desempenho continuam sendo mais valorizados. Em alguns casos, o maior diâmetro pode gerar estímulo visual ou excitação, mas isso é muito subjetivo”, diz.
Feito o procedimento, alguns cuidados são fundamentais. O paciente deve manter abstinência sexual por cerca de sete dias e evitar atividades físicas intensas no mesmo período para não deformar o ácido hialurônico injetado. Em alguns casos, o médico orienta massagens para modelar o produto e prevenir nódulos.
A durabilidade do resultado varia entre 12 e 24 meses, dependendo da marca do produto e da técnica utilizada. “É importante observar sinais de complicação, como dor intensa, necrose, inchaço anormal ou alteração de cor. Quando necessário, podem ser prescritos analgésicos ou antibióticos”, conclui Hilton Monteiro.