O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pretende rever suas normas internas para ampliar o atendimento presencial nas agências e melhorar a produtividade nas análises de benefícios. Hoje, quase metade dos servidores do órgão está em regime de trabalho remoto, integral ou parcial.
A noticia é do REDAÇÃO JORNAL DE BRASILIA. A avaliação do instituto e do Ministério da Previdência Social é de que o fechamento de agências tem empurrado os segurados para intermediários e escritórios de advocacia, que aproveitam a lacuna no serviço para ganhar dinheiro em cima das demandas desse público.
O tema é sensível e vem sendo discutido em um grupo de trabalho formado pelo comando do órgão e entidades sindicais. A ideia é chegar a um novo modelo até o fim deste ano para implementá-lo gradualmente a partir de 2026.
Nos últimos anos, o INSS apostou na oferta de serviços digitais para ampliar o acesso da população. A pandemia de Covid-19 acelerou esse processo, dada a necessidade de restringir o atendimento presencial.
A emergência sanitária chegou ao fim, mas a atividade nas agências não foi plenamente retomada. Em maio de 2025, 70% das cerca de 1.500 agências do INSS operavam sem atendimento de servidores ao público. Havia apenas perícia médica (previamente agendada), segurança, estagiários e funcionários terceirizados.
O presidente do INSS, Gilberto Waller Jr., diz à reportagem que esse percentual vem caindo desde que ele assumiu, mas ainda gira em torno de 60% -ele afirma não ter um balanço exato da situação mais recente.
Dos 18,8 mil servidores do órgão ativos em julho deste ano, 7.472 estavam em teletrabalho integral, o que corresponde a 39,8% da força de trabalho. Outros 1.122 estavam em regime de teletrabalho parcial, o equivalente a 6%.
Quando se analisa a situação individual das agências, há unidades com quase 80% da força de trabalho em regime remoto.
Para Portal, além do prejuízo no atendimento, há um agravante: a perda de cultura dentro do órgão previdenciário. Ele conta que, no fim de 2023, visitou uma gerência executiva em Canoas, no Rio Grande do Sul, onde a superintendência regional promoveu uma reunião com todos os servidores, inclusive alguns que assumiram o cargo naquele ano.
O presidente do SINSSP (Sindicato Nacional dos Servidores da Previdência Social), Tiago Silva, diz que a categoria está aberta à discussão, embora reconheça que o tema é muito sensível. Segundo ele, é preciso dosar a política, uma vez que a retomada integral do trabalho presencial poderia ser um tiro no pé.
Waller Jr. diz que servidores que atuam exclusivamente na análise dos requerimentos e de documentos devem poder permanecer em teletrabalho, mas a produtividade será reavaliada. Hoje, esses funcionários cumprem tarefas que rendem uma quantidade determinada de pontos. A pontuação mínima, que é de 4,27 por dia no presencial, fica 30% maior no regime remoto, chegando a 5,55 por dia.
O problema é que algumas tarefas estão superdimensionadas, isto é, rendem muitos pontos e não são tão complexas. Nos bastidores, fala-se que mais da metade dos servidores concluem a meta mensal em 15 dias ou menos -ou seja, a meta pode estar frouxa. Por outro lado, algumas tarefas complexas também estão subdimensionadas e deveriam render mais pontos dado o tempo de análise requerido.