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Internacional

Leucovorina é promovida por Trump como possível tratamento para autismo, mas eficácia ainda é incerta

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José Morales-Ortiz, de 4 anos, apresentava autismo severo e dificuldades de comunicação: não formava frases com duas palavras e raramente respondia ao próprio nome. Há seis meses, porém, seu guardião legal, Keith Joyce, percebeu mudanças significativas no comportamento da criança. José passou a falar sobre colegas da escola e responder a perguntas de forma mais consistente. Com informações da CNN.

Joyce atribui os avanços ao uso da leucovorina, medicamento aprovado pelo FDA para reduzir efeitos colaterais de quimioterapia. Na segunda-feira (22), o comissário da agência, Dr. Marty Makary, anunciou que o rótulo da leucovorina será atualizado para incluir crianças com deficiência cerebral de folato, condição que pode levar a atrasos no desenvolvimento e a características do autismo, como dificuldades de comunicação e comportamentos repetitivos. A mudança permitirá que programas estaduais do Medicaid cubram o medicamento e abrirá espaço para mais pesquisas sobre seu uso terapêutico.

O presidente Donald Trump afirmou que a medida traz esperança a famílias de crianças autistas, mas também gerou polêmica ao fazer alegações não comprovadas sobre Tylenol e vacinas como causas do autismo, críticas que repercutiram na comunidade científica.

Como funciona a leucovorina

A leucovorina é uma forma de vitamina B9 (ácido folínico) e atua em casos de deficiência cerebral de folato, onde a vitamina essencial para o desenvolvimento neural não chega adequadamente ao cérebro, mesmo quando os níveis sanguíneos estão normais. Estudos iniciados na Alemanha e conduzidos por pesquisadores como Edward Quadros e o neurologista pediátrico Richard Frye sugerem que o medicamento pode melhorar comunicação e linguagem em algumas crianças autistas.

Em ensaios clínicos pequenos, Frye observou melhora moderada a significativa em cerca de um terço das crianças tratadas, principalmente na comunicação verbal e na linguagem receptiva. Resultados semelhantes foram registrados em estudos na França, Índia, Singapura, China e Irã.

No entanto, especialistas alertam que não existe cura para o autismo e que os efeitos da leucovorina podem variar de criança para criança.

Segurança e efeitos colaterais

O medicamento é considerado seguro, mas pode causar náusea, vômito, diarreia e perda de apetite. Crianças com autismo que tomam anticonvulsivantes devem ser monitoradas, pois a leucovorina pode aumentar a frequência de convulsões. Alguns pacientes também podem apresentar hiperatividade temporária.

Joyce relata que José ficou mais agitado após o início do tratamento, mas dentro de limites aceitáveis, e que suas habilidades de comunicação e interação social melhoraram significativamente.

Controvérsias e cautela

Apesar do anúncio do FDA, não existem ensaios clínicos grandes e controlados comprovando a eficácia do medicamento para o autismo. O diretor do Centro Penn para Saúde Mental, Dr. David Mandell, alertou que a aprovação do uso pode gerar falsas expectativas e estabelecer um precedente arriscado para a aprovação de medicamentos com evidências científicas limitadas.

Após a coletiva da Casa Branca, o interesse de pais aumentou, e grupos online, como o criado por Joyce, registraram mais de 10 mil membros, compartilhando experiências e alertando sobre riscos de suplementos de ácido folínico vendidos sem prescrição, que não fornecem doses terapêuticas adequadas.

Apesar das incertezas, Joyce mantém esperança nos avanços de José: a criança passou a perceber melhor o mundo ao seu redor, interagindo mais durante atividades como jogos de futebol.

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