O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse que pretende “seguir o dinheiro” e apurar quem deu “suporte político” aos descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões. Ele, que se define como “de direita, com muito orgulho”, afirmou que fará um trabalho “equilibrado”. A informação é do Estadão.
Antes de ser escolhido relator, Gaspar tinha a intenção de convocar Frei Chico, irmão do presidente Lula, para depor à CPMI. O irmão mais velho do petista é um dos dirigentes do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A entidade descontou R$ 310 milhões de associados entre 2019 e 2024, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). Ainda se investiga se todos os descontos foram irregulares.
Gaspar aposta em seu histórico investigativo em Alagoas para garantir o funcionamento ativo na CPMI. Ele foi do grupo de combate ao crime organizado em Alagoas, integrante do ministério público e secretário de Segurança Pública do Estado.
“Vou fazer o plano de trabalho equilibrado, buscando o principal: o dinheiro, para onde foi, e para o benefício de quem? É a maneira mais fácil de errar menos”, disse Gaspar. “E saber qual o suporte político que permitiu que mais um escândalo dessa natureza ocorresse. Eu não sei a cor partidária que deu o suporte político. Eu só acho que não dava para fazer um desvio dessa magnitude sem o suporte político.”
No primeiro semestre deste ano, Gaspar já causou dores de cabeça ao governo quando foi designado relator da representação feita pelo PL para travar a tramitação da ação penal julgada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Agora, como já tinha dito ao Estadão no caso Ramagem, o parlamentar de primeiro mandato afirmou que conduzirá o trabalho de forma criteriosa.
“Sou de direita e sou com muito orgulho. Sou um cara decente e vou transmitir isso para a relatoria. Eu não sendo atacado pessoalmente, com a suspeição antecipada, as pessoas verão que o trabalho será feito com base em indícios e provas”, disse.
O alagoano disse que será equilibrado e construirá uma agenda “que englobe a vontade da maioria do colegiado”.
A escolha de Gaspar como relator pegou o governo de surpresa. O movimento silencioso da oposição começou com a eleição do senador Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência da CPMI.
Viana, que é de oposição, teve 17 votos, contra 14 do também senador Omar Aziz (PSD-AM), alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aziz era o escolhido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) para comandar o colegiado.
Depois disso, Viana escolheu Gaspar para ser o relator. O deputado do União é um dos signatários do requerimento para dar urgência ao projeto de anistia aos presos do 8 de Janeiro. A escolha, aliás, divergiu da indicação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que havia anunciado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para a função.