Dois terços das jogadoras de seleções nacionais recebem menos de US$ 20 mil (cerca de R$ 100 mil) anualmente, de acordo com um novo levantamento da FIFPRO que destaca a persistente insegurança financeira e as lacunas estruturais na modalidade.
A informação é da CNN. A união global de jogadores e seus sindicatos nacionais afiliados consultaram 407 futebolistas de 41 nações que participaram de competições de elite, como a Eurocopa Feminina, a Copa América Feminina, a Copa Africana de Nações Feminina e a Copa das Nações Feminina da OFC (Oceania).
Radiografia Financeira
Os dados revelam um cenário de fragilidade econômica para a elite do esporte:
- 66% das jogadoras recebem menos de US$ 20 mil anuais provenientes do futebol.
- Quase um terço das entrevistadas relatou ganhos entre US$ 0 e US$ 4.999.
- Apenas uma pequena minoria atinge faixas de renda mais elevadas.
Embora os clubes profissionais continuem sendo a principal fonte de renda, seguidos pelos pagamentos das seleções nacionais, uma em cada quatro jogadoras ainda precisa de empregos fora do futebol para sobreviver.
"A estabilidade financeira é a pedra angular de qualquer carreira", afirmou Alex Culvin, diretora de futebol feminino da FIFPRO. "Os dados são claros: a maioria das jogadoras recebe uma renda insuficiente para garantir carreiras seguras no esporte. Isso é um risco para a sustentabilidade da modalidade, pois as atletas tendem a abandonar o futebol precocemente para conseguir pagar as contas."
Contratos e Condições de Trabalho
A pesquisa, realizada entre agosto e outubro de 2025, também revelou que os vínculos empregatícios são frágeis:
- 33% das jogadoras possuem contratos de apenas um ano ou menos.
- 22% das atletas sequer possuem um contrato formal.
O calendário internacional também foi alvo de críticas. Cerca de 58% das jogadoras afirmaram que o descanso pré-jogo é inadequado, enquanto 57% relataram recuperação insuficiente após as partidas.
As condições de viagem refletem a disparidade em relação ao futebol masculino: três quartos das jogadoras viajam em classe econômica durante os torneios; apenas 11% utilizam a classe econômica premium ou executiva.
Avanços Desiguais
Apesar do cenário desafiador, a FIFPRO observou melhorias desde o levantamento de 2022, citando o aumento nas premiações e a participação direta das jogadoras nos lucros da Eurocopa Feminina. No entanto, o sindicato ressalta que tais reformas ainda não foram replicadas em todas as confederações.
Para Culvin, é urgente que as partes interessadas "continuem elevando os padrões para apoiar a crescente profissionalização do futebol feminino".