A oposição anunciou nesta segunda-feira (21) uma ofensiva em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso e contra o que classificaram como "ditadura da toga" do Supremo Tribunal Federal (STF). O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a ordem do ministro Alexandre de Moraes, proibindo a veiculação de entrevistas com o ex-mandatário nas redes sociais, é "censura" com o objetivo de isolar Bolsonaro. A notícia é da Gazeta do Povo.
Bolsonaro deveria participar da coletiva de imprensa organizada por parlamentares aliados nesta tarde, mas recuou após a nova decisão de Moraes. Sóstenes relatou que o ex-mandatário estava nas dependências da Câmara.
“O presidente Bolsonaro está no recinto da Câmara dos Deputados, participou de toda a reunião conosco e gostaria muito de falar a toda imprensa nacional. Entretanto, por mais uma ordem de censura do ministro Alexandre de Moraes, preventivamente, seus advogados recomendaram não mais falar com a imprensa”, disse o líder do partido
“Este é o Brasil e a democracia relativa que estamos vivendo”, acrescentou. Para Sóstenes, o governo Lula (PT) decidiu antecipar as eleições de 2026 em vez de negociar uma solução para as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por Trump.
Segundo o deputado, Eduardo não pode participar da reunião videoconferência, pois, na última sexta-feira (18), Moraes proibiu Bolsonaro de manter contato com o filho. O ministro determinou uma série de medidas cautelares ao ex-presidente, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e proibição de utilizar redes sociais.
“Se coloque no lugar de um pai que não pode falar com o seu filho. Isso não existe nem na inquisição, nem aos traficantes, nem aos estupradores do Brasil têm cerceado o direito de falar com seus filhos”, enfatizou Sóstenes.
Os parlamentares anunciaram que a prioridade para a volta do recesso é a aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, que poderá beneficiar Bolsonaro. Sóstenes afirmou que o segundo item da pauta da oposição será a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 333/2017 que extingue o foro especial por prerrogativa de função nos casos de crime comum.
“Temos mais de 60 parlamentares respondendo a processos no STF, além dos esdrúxulos, inquéritos do fim do mundo que nunca terminam, que estão todos centralizados na mão de Alexandre de Moraes. Isso tem que acabar, não é democrático e não é constitucional”, destacou.
Impeachment de Moraes será pauta prioritária no Senado
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) informou que a principal proposta da oposição no Senado será o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. “Se hoje existe um monstro chamado Alexandre de Moraes, a culpa é do Senado”, afirmou o senador Magno Malta (PL-ES).
“Foi por culpa dele que nós estamos sendo tarifados. Todas as decisões dele, já estão comprovadas, violaram os direitos humanos […] O Senado entende que as decisões do ministro Alexandre provocaram perplexidade em todo o mundo”, disse a senadora.
Durante a coletiva, Malta chegou a dizer que "chegamos ao limite" e desafiou Moraes. "É viver ou viver, porque se eu disser viver ou morrer, seria tudo distorcido. É viver ou viver. Nós vamos usar todos os mecanismos. E a minha palavra a esse tirano da toga, chamado Alexandre de Moraes, é: Põe a mão em Jair Bolsonaro. Põe a mão nele. Tenta a sorte, porque o azar você já tem.
Oposição cria estratégia para comunicação de Bolsonaro em meio à "censura"
O líder do PL anunciou a criação de três subcomissões de trabalho da oposição para alinhar a comunicação do grupo, para articular a votação de pautas prioritárias no Congresso e para “dar voz” a Bolsonaro.
“Nós vamos dar voz ao presidente Bolsonaro. Tudo isso, as decisões de censura ao presidente, é pensando que ele vai ficar isolado e sem voz. A partir de agora nós teremos estratégia de comunicação e daremos voz ao presidente Bolsonaro, porque ele não só tem um exército de parlamentares como também milhões de pessoas nas ruas que darão a ele a voz que o STF decidiu censurar”, disse Sóstenes.
As subcomissões serão lideradas pelos seguintes deputados:
- Comunicação: Gustavo Gayer (PL-GO);
- Mobilização na Câmara e no Senado: Cabo Gilberto (PL-PB);
- Mobilização nacional: Zé Trovão (PL-SC) e Rodolfo Nogueira (PL-MS)