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Internacional

Trump mira Brasil, China e Índia em tarifas secundárias contra a Rússia

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Uma nova tarifa prometida por Donald Trump para forçar a Rússia a aderir a um acordo de cessar-fogo na Ucrânia pode atingir diretamente o Brasil e outros parceiros comerciais de Moscou, como China e Índia. A notícia é da Gazeta do Povo.

Frustrado com a intensificação da ofensiva russa no conflito, o presidente americano decidiu enviar armas para que os outros países da Otan paguem por elas e as destinem à Ucrânia, nesta segunda-feira (14), e deu um ultimato a Vladimir Putin.

Trump disse que aplicará tarifas de 100% sobre produtos importados da Rússia e secundárias no mesmo patamar a nações que compram do país de Putin caso não seja alcançado um acordo para interromper a guerra com a Ucrânia dentro de 50 dias.

“Estou decepcionado com o presidente Putin, porque pensei que poderíamos ter chegado a um acordo há dois meses, mas parece que não chegamos lá. Então, com base nisso, vamos aplicar tarifas secundárias”, afirmou o presidente americano.

Não se sabe ao certo se, mesmo sem cessar-fogo, Trump aplicará essas taxas, uma vez que o presidente americano já recuou da aplicação de tarifas a outros países antes, mas o certo é que a mira do republicano não está direcionada aos russos.

Isso porque, devido às sanções que os Estados Unidos aplicaram desde o início da guerra, em 2022, o comércio entre os dois países se tornou insignificante. De acordo com dados do governo americano, o comércio total de bens entre Estados Unidos e Rússia foi de US$ 3,5 bilhões em 2024 – menos de 10% do que as duas nações registravam antes da ofensiva russa na Ucrânia.

No ano passado, as exportações de bens americanos para a Rússia somaram US$ 526,1 milhões, enquanto as importações que os Estados Unidos fizeram dos russos totalizaram US$ 3 bilhões.

Em 2021, ano anterior ao início da guerra da Ucrânia, o comércio entre os dois países havia somado US$ 36,1 bilhões, sendo que as exportações dos Estados Unidos para a Rússia totalizaram US$ 6,4 bilhões e as importações americanas de produtos russos somaram US$ 29,7 bilhões.

Brasil no alvo

Dessa forma, caso se concretizem, as tarifas secundárias – isto é, aplicadas sobre quem compra do país sancionado – visarão os parceiros comerciais de Moscou, que também enfrentaria dificuldades, já que a pressão das taxas poderia levar esses parceiros a buscar outras fontes.

Tarifas secundárias já foram aplicadas em outras ocasiões por Trump, como em março, quando anunciou a imposição de uma tarifa de 25% a qualquer país que compre petróleo e gás da Venezuela.

Desta vez, os amigos dos Brics podem estar no alvo de Trump. Com os negócios nos Estados Unidos e na Europa se fechando para a Rússia devido às sanções, os países do bloco aumentaram importações de produtos russos – principalmente de petróleo e derivados – e mantiveram a máquina de guerra do Kremlin funcionando.

Segundo dados oficiais de governos dos países do bloco, China, Índia e Brasil, as três maiores economias dos Brics, registraram recordes no comércio com a Rússia em 2024.

No caso do Brasil, o comércio bilateral com a Rússia atingiu US$ 12,4 bilhões em 2024, com US$ 1,4 bilhão em exportações (um aumento de 8% em relação a 2023) e US$ 11 bilhões em importações brasileiras (incremento de 9%).

O Brasil fechou 2024 como o segundo maior comprador de diesel russo do mundo, ficando atrás apenas da Turquia. Dados do think tank finlandês Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) mostram que o país foi destino de mais de sete milhões de toneladas ou um quarto de todo o diesel comercializado pela Rússia no ano passado.

Ao ajudar Putin a burlar sanções econômicas impostas pelo Ocidente às suas exportações de petróleo, o Brasil pode se complicar ainda mais com os Estados Unidos, que já anunciaram, na semana passada, uma tarifa de 50% sobre importações do país a partir de agosto.

O senador republicano Lindsey Graham afirmou no domingo (13), durante entrevista ao programa Face the Nation with Margaret Brennan, da emissora americana CBS, que o Brasil está em uma lista de países que, em breve, podem sofrer sanções dos Estados Unidos por "sustentar a máquina de guerra de Putin", comprando petróleo e outros produtos russos.

Segundo Graham, o Congresso dos Estados Unidos está preparando um megapacote de sanções com apoio bipartidário contra o regime de Vladimir Putin, que daria a Trump a capacidade de impor tarifas de até 500% a qualquer país que ajude a Rússia.

Também no fim de semana, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou, em entrevista à emissora ABC, que Trump “está frustrado” com as negociações comerciais do governo brasileiro e com outras "ações" do Brasil.

“A questão é que o presidente tem estado muito frustrado com as negociações com o Brasil e também com as ações do Brasil. A mensagem que todos nós estamos tentando passar é esta: a América está se preparando para sua era de ouro, colocando nossa casa em ordem, recebendo nossas tarifas e política comercial e fiscal exatamente onde elas precisam estar para uma era de ouro”, disse.

China e Índia

Outros parceiros da Rússia impactados de maneira significativa por tarifas secundárias seriam China e Índia.

Somente no ano passado, a soma de exportações e importações entre russos e chineses foi de US$ 237 bilhões. Tarifas secundárias de 100% seriam outro golpe no comércio entre os Estados Unidos e Pequim, que protagonizaram uma escalada tarifária entre abril e junho. Atualmente, vigora um acordo entre China e EUA, no qual as taxas americanas sobre importações do país asiático ficaram em 55% (30% de tarifa geral, mais 25% sobre alguns produtos, como semicondutores, veículos elétricos e equipamentos médicos) e as tarifas chinesas sobre produtos americanos, em 10%.

Já na relação comercial Índia-Rússia, foi registrado um recorde de US$ 68,7 bilhões no ano fiscal de 2024-25 (de 1º de abril do ano passado a 31 de março deste ano).

No caso da Índia, a agência Bloomberg informou que os Estados Unidos estão negociando um acordo comercial provisório com Nova Délhi, compromisso que poderia reduzir as tarifas sobre importações de produtos indianos para cerca de 20% - um patamar alto, mas abaixo dos 26% que Trump havia anunciado no chamado Dia da Libertação, em 2 de abril.

O governo indiano considera que tal índice seria digno de comemoração, pois ficaria aquém do que os EUA impuseram a outros países asiáticos. Porém, caso as tarifas secundárias de Trump sejam confirmadas, a amizade com Putin – assim como para China e Brasil – cobrará um preço bem mais alto.

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