ABC soma 94 ações trabalhistas na atual gestão e ações ativas ultrapassam R$ 8 milhões

08 de Novembro 2021 - 13h57

Enquanto dentro de campo, o ABC tem oscilado entre boas e más campanhas nas competições disputadas nos últimos três anos, fora dele, a administração tem colecionado problemas na Justiça do Trabalho. Entre 2019 e 2021, o Mais Querido foi alvo de 94 ações trabalhistas, sendo que até a sexta-feira (05), possuía ainda 68 ações ativas, das quais 65 possuíam a íntegra do processo disponível para consulta e somam o montante de R$ 8,2 milhões.

Candidato à reeleição no ABC, Bira Marques está envolvido no futebol do clube desde 2012, período em que o ABC viu saltar o número de reclamações na Justiça do Trabalho. Os dados foram obtidos através de consulta ao sistema disponível no portal do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RN) a partir de todos os processos em andamento e ativos. 

Nos últimos 10 anos, o Alvinegro virou réu em 233 ações na Justiça do Trabalho, sendo deste total, 40% delas vieram apenas nos últimos três anos, período em que Bira Marques transitou entre a vice-presidência e a presidência do clube. Foram 139 ações entre 2012 e 2018 contra 94 entre 2019 e 2021.

As reclamações registradas pelos ex-funcionários são das mais diversas e passam desde a ausência de pagamentos de salários, os atrasos nos pagamentos, a não quitação de direitos trabalhistas como depósitos de FGTS ou pagamento de verba indenizatória, por exemplo, até a falta de cumprimento de acordos judiciais realizados por gestores anteriores.

A temporada com o maior número de ações na Justiça foi a de 2020, quando Bira Marques assumiu efetivamente a presidência do clube, com um total de 36 processos movidos contra o ABC, sendo que deste total, 27 ainda seguem ativos. No ano anterior, em que o Alvinegro terminou rebaixado para a Série D do Campeonato Brasileiro, foram 35 ações no total, com 17 delas ainda ativas. Curiosamente, essa foi justamente a temporada que custou mais caro ao ABC com o volume total das causas contra o clube ultrapassando os R$ 4,1 milhões. 

Candidato aponta soluções

Para o conselheiro e candidato à presidência do clube, Idamylton Garcia, o acesso conquistado não pode esconder a série de problemas administrativos enfrentados pelo clube, inclusive na Justiça do Trabalho. Uma das principais preocupações apontadas por ele é de que, não bastasse o fato de existir um passivo trabalhista enorme, a atual administração ainda insiste em cometer os mesmos erros e até mesmo descumprir acordos já firmados.

“Ao contrário do que vem sendo dito pela gestão de Bira Marques, não há, de fato, uma organização das finanças do clube. O número de ações trabalhistas cresceu em 40% só nesta administração, os débitos só crescem, vimos receitas e premiações sendo bloqueadas pelo não cumprimento de acordos, inclusive algumas que foram adiantadas de temporada ainda a ser disputada. Se o clube não mudar a forma de administrar seus negócios e profissionalizar, o déficit se tornará tão grande que será inviabilizado”, alertou Idamylton.

O candidato propõe uma série de medidas para equacionar a situação e defende a efetivação de uma ação preventiva e, também em caráter extrajudicial, a implantação de um programa de compliance para a gestão do clube, sobretudo no aspecto de contratos e quanto às questões trabalhistas, bem como, a integração entre os diversos setores administrativos e financeiros com o departamento jurídico, a revisão de documentos e contratos, e a formação de uma equipe para identificação das ações judicializadas em vias de execução, formalizar acordos e impedir incidentes processuais que comprometam o planejamento econômico do clube.

“Nossa ideia é reestruturar a dívida, o passivo existente no clube a partir da identificação, partindo para negociação, com ajustes no perfil de receitas e despesas de acordo com a realidade para que as receitas ordinárias possam suportar as despesas do clube, sem que haja uma total dependência do futebol. Queremos construir um clube que respeite os compromissos assumidos, uma gestão que respeite o patrimônio e as finanças do clube e, claro, os direitos dos profissionais que estiverem conosco”, concluiu.

Raio-X do ABC na Justiça do Trabalho

•    R$ 8,2 milhões é a dívida de ações trabalhistas ativas entre 2019 e 2021;
•    40% das ações trabalhistas da década vieram na atual gestão;
•    94 ações trabalhistas movidas contra o clube entre 2019 e 2021;
•    Média de R$ 2,7 milhões em ações trabalhistas por ano entre 2019 e 2021;

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