Gangues governam capital do Haiti e podem estar prontas para derrubar o governo

05 de Março 2024 - 16h11

 Vista de cima, a capital do Haiti, Porto Príncipe, ainda parece serena, com as casas pintadas de branco subindo íngremes colinas verdes no entorno uma baía cintilante. Mas pisar nas ruas esburacadas da cidade exige um cálculo cuidadoso do risco e da recompensa.

Gangues implacáveis dominam a cidade, atacando a população, transformando bairros em territórios criminosos de guerra e isolando o porto internacional do Haiti do resto do país.

Nessa cidade, os vídeos online mais compartilhados são frequentemente imagens de tortura, gravadas e publicadas por gangues para espalhar o horror e acelerar o pagamento de resgates a milhares de vítimas raptadas.

No mês passado, poucas horas depois de aterrissar no aeroporto Toussaint L’Ouverture da cidade, uma equipe da CNN começou a receber mensagens encaminhadas de contatos que compartilhavam as últimas imagens cruéis – uma mulher amarrada se contorcendo para longe das chamas enquanto seus sequestradores zombavam.

Foi um vislumbre do tormento viral diário da vida no Haiti, onde os frequentes protestos civis enfatizam que a população chegou ao seu limite. As gangues controlam 80% da capital, segundo estimativas da ONU, e lutam para tomar o restante.

Desde a semana passada, Porto Príncipe tem sido assolado por uma onda de ataques de gangues altamente coordenados, com grupos armados incendiando delegacias de polícia e libertando prisioneiros, no que um líder de gangue descreveu como um desafio direto ao impopular primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry.

No domingo (3), o governo do Haiti declarou estado de emergência depois de milhares de detentos aparentemente terem escapado da maior prisão do país.

“O sentimento no local é que o país não pode continuar assim. O nível de violência a que as pessoas estão expostas é desumano”, alertou a representante especial adjunta das Nações Unidas no Haiti, Ulrika Richardson, em conferência de imprensa em Nova York, na quarta-feira (28).

CNN

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