"Chiquinho Preto de Espírito Santo". É por conta de pessoas como ele que vale a pena ser jornalista liso, sem condições de fazer viagens para a Europa e States, sem carrão do ano último tipo e, até, sim, de vez em quando ser escrachado nas redes sociais por alguns que discordam de suas opiniões sobre futebol ou até mesmo preferências políticas, como se nós fossemos obrigados a pensar igual. Chiquinhos existem, ainda bem!
Nesta quarta-feira pela manhã como todos os dias úteis, vou chegando na rádio por volta das 7h. Ouço meu nome sendo chamado do outro lado da rua. Olho, espero. Um senhorzinho preto, risonho, inteiro, mas com marcas que me levam a crer que já tenha mais de 70 anos, me aborda, e vai dizendo que me assiste na tevê Assembleia, pergunta por Mállyk tenta lembrar o nome difícil do meu colega (risos) e que estava, fazia tempo, querendo falar comigo.
Se apresenta, aperta minha mão e fica feliz demais quando eu digo que lembro dele jogando futebol de salão (era assim na época) no campeonato dos comerciários do Sesc, meados dos anos 1970. "Não acredito, você se lembra de mim?", perguntou incrédulo. Aí, dá uma risada gostosa e diz que era conhecido como "Pedrada III" e explica: "tinha o Pedrada original, que jogou no América, e tinha outro Pedrada, que apitava jogos de futebol, que era o 'Pedrada II' e eu era o terceiro", narra rindo muito.
Engraçado, conto a ele que também conheci o "Pedrada II", além de ter jogado com o original nos meus tempos de Alecrim. Aí ele narra o que me emociona. Diz que fazia tempo que nos assistia, rádio e tevê, e que queria falar comigo. Quando me viu descendo do carro, vinha no ônibus, pediu parada, interrompeu a sua volta para casa pela chance de falar comigo. O que eu posso dizer, escrever a mais? Essa abordagem pura e sincera é a melhor homenagem que o meu trabalho, do Mállyk e todos que fazem a 96 FM poderia receber.
Obrigado, Chiquinho Preto de Espírito Santo!!!